Este ensaio apresenta uma reflexão acerca das políticas públicas brasileiras e da ideia de que a crise da covid-19 se articula às iniquidades sociais histórico e territorialmente produzidas no país. Trata-se de uma revisão narrativa de literatura apoiada na descrição de dados públicos disponibilizados em sites oficiais de agências governamentais ou científicas acerca das normas e impactos relacionados à pandemia de covid-19. Para tanto, apresentou-se uma breve contextualização da doença, seguida de apontamentos relacionados aos princípios do Sistema Único de Saúde e aos Determinantes Sociais da Saúde que afetam a população do país. Destacam-se as consequências relacionadas à disparidade que caracteriza a qualidade de vida de diferentes grupos e a emergência de perfis epidemiológicos distintos, tendo em vista a iniquidade social em diferentes territórios de saúde. A pandemia de covid-19, nesse contexto, é entendida como uma crise que evidencia a necessidade de reflexão acerca das estratégias governamentais de controle de crises em um contexto sociocultural marcado por iniquidades que impactam diretamente a saúde e, consequentemente, o desdobramento dos casos da doença no país.