RESUMO: O presente artigo visa fazer uma releitura do "Caso Marie Curie" sob o signo do acontecimento. O intuito, assim, é explorar relações constituintes da controvérsia que se desdobrou no prêmio Nobel de 1903, que laureou a descoberta da radioatividade e de elementos radioativos. A porta de entrada, para tal empreitada, serão as mediações entre as relações de gê-nero e os não-humanos mobilizados nos laboratórios. Baseado nessas mediações, descrevo a diferença de possibilidades masculino/feminina em fazerexistir a Natureza em relação ao poder que a definição de gênero dá a uns em detrimento de outros, mas também como ao fazer-existir a radioatividade constituiu-se um devir, que fez essa relação gaguejar, mudando-a de sentido. O "Caso Marie Curie" torna imediatamente inseparável dois domí-nios: tanto o envolvimento das relações de gênero na produção científica quanto o envolvimento da ciência nas relações de gênero. Esse acontecimento ressoa para abordagens antropológicas e feministas da ciência. Assim, coloco-as em discussão na medida em que as relações de poder fizeram-me respeitar o devir que o ofício da cientista pôs em cena: a radioatividade.
O objeto do presente artigo é o problema da formação histórica do saber médico da Higiene na sua relação com a nascente economia política e o modo como as técnicas dietéticas tornaram-se um importante instrumento dessa relação. O objetivo é demonstrar como a Higiene confiscou dois conjuntos de saberes, o vitalismo e o neo- hipocratismo, para responder às demandas da economia política, convertendo-se em uma “tecnologia do sujeito”, que teve na dietética o seu ponto mais importante de ancoragem. Para tanto, analisa alguns documentos médico-filosóficos da virada do século XVIII para o XIX, no âmbito luso-brasileiro. Esse canteiro histórico representa um importante momento para a biopolítica, pois implica seriamente como um elemento na transformação da noção de vida e, principalmente, para o seu desdobramento ético acerca da vida que vale a pena ser vivida.
AgradecimentosGostaria de agradecer em primeiro lugar a minha esposa, porque sem ela a tese não poderia ser escrita. Sua companhia, suas leituras e comentários e, principalmente, a parceria foram fundamentais para reajustar meu pensamento e a minha vida comigo mesmo. Aliás esta tese, na sua forma atual, nasceu de uma pergunta fundamental, um tanto inocente e um tanto maldosa, por ela formulada enquanto falávamos de uma tal antropologia. Existe um ditado que sintetiza o encontro que ela representa, ele diz: "não sei o que seria de mim, se não fosse você"; ao contrário, eu sei bem... Assim, é preciso ressaltar outra parceria fundamental para quem escrevo diretamente: Por último, agradeço, a minha orientadora, a professora Lilia Schwarcz. Não somente preciso agradecer pelo acolhimento, a atenção e o rigor de sempre, como memorar toda a minha sorte. Em outra pesquisa escrevi que: "A liberdade que tive para formular os problemas não se seguiu sem uma crescente exigência de rigor". É verdade também para essa pesquisa. Mas preciso ressaltar que todas as irresponsabilidades persistentes nessa tese, são resultado de minha teimosia constitucional. As outras que ficaram para trás, com toda a razão, superei com através dos argumentos sempre sinceros de minha orientadora, que sempre me indicou mais rigor, mais cuidado, mais calma. Como teimosia constitucional não se cura (pelo menos não completamente), esse foi o resultado.Professora Lilia, minha formação, como professor e pesquisador, passa por esses longos anos de trocas sem os quais não me reconheço mais. Para explicar vou contar um "causo", como se diz aqui no sertão. Certa vez, um aluno privilegiado por ter tido aulas com a professora Lilia e que, por ventura, pegou uma ou duas aulas de ouvinte em uma disciplina que eu lecionava em São Paulo, me pediu para ler um texto de antropologia da ciência de sua autoria. Depois de ler, entreguei o texto todo rabiscado em vermelho com comentários de conteúdo. Dias depois, ele me disse: "você faz muitas coisas parecidas com a Lili!". Respondi prontamente: "então sou sortudo". Mas, na verdade, gostaria de dizer a ele que aprendi bastante com o exemplo que ainda hoje não ouso chamar pelo apelido carinhoso. Chamo de professora, faço questão, para além das formalidades. Este trabalho tem como pretensão a problematização dos discursos dietéticos da atualidade e do modo que se formulam através deles todo um bioascetismo no qual a saúde é a finalidade última. Dessa forma, partindo do método genealógico de pesquisa histórica o objetivo é compreender como se tornou possível, e por meio de quais estratégias políticas, o vínculo entre determinadas técnicas de si (a alimentação, os exercícios físicos e a estética) e a "qualidade de vida" como modalidade ético-política.Teve , assim, a pretensão de produzir uma história da dietética que possa ser, ao mesmo tempo, uma crítica do bioascetismo presente. Isso foi feito por meio da análise de como a dietética se tornou uma forma de saber sobre os homens, um dispositivo de governo populacional e uma t...
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