ARTIGOS A identificação da posição ideológica dos partidos é relevante para diversas aplicações em pesquisa, mas no caso do PALAVRAS-CHAVE: manifestos; ênfases programáticas; ideologia; partidos políticos. I. INTRODUÇÃO 1O debate acerca da pertinência do uso contemporâneo das classificações ideológicas é bem familiar a quem estuda partidos políticos. Trata-se de saber se as categorias esquerda e direita ainda ajudam a explicar a política no mundo pós-guerra fria. Além disso, em países nos quais o welfare state atendeu minimamente as disputas distributivas, emergem as chamadas questões pós-materialistas, que não correspondem à dimensão Estado-mercado. Ao mesmo tempo, a direita ressurge em vários países europeus com vitórias eleitorais sobre os tradicionais partidos social-democratas, sugerindo que a diferenciação ainda faz algum sentido.As diferenças ideológicas entre partidos continuam sendo utilizadas como variável independente para explicar desde a coerência das coligações partidárias até políticas públicas implementadas pelos governos. A presumida distinção conceitual entre esquerda e direita continua sendo confrontada com escolhas e percepções dos eleitores para avaliar seu grau de identificação política.No Brasil, esse debate inclui ainda a questão anterior de como definir quais partidos são os portadores da ideologia de esquerda e quais são os de direita. Tratase de saber se as especificidades brasileiras permitem a transposição direta de conceitos construídos em outros contextos históricos. Nas seções seguintes, será desenvolvido um debate sobre as variações no significado de esquerda e direita para sustentar o argumento de que nossas especificidades históricas justificam uma revisão dos elementos a serem considerados na classificação ideológica, para além da dicotomia intervenção estatal x livre mercado.
Resumo: O posicionamento ideológico dos partidos políticos brasileiros tem sido mensurado de diversas formas, que são aqui discutidas e comparadas. Além disso, as classificações correntes são confrontadas com os resultados de um survey aplicado a cientistas políticos. A classificação ideológica resultante do survey coincide com várias outras presentes na literatura, elaboradas a partir de métodos diferentes, que incluem avaliação pelos próprios membros dos partidos. A conclusão é de que a localização dos partidos brasileiros na dimensão esquerda-direita é suficientemente uniforme entre as diferentes mensurações para ser considerada válida, contrariando os diagnósticos correntes de ausência de identidade política no sistema partidário brasileiro.Palavras-chave: Partidos. Ideologia. Expert survey. Escala esquerda-direita. Abstract:The ideological positioning of the Brazilian political parties has been measured in several ways, which are discussed and compared. In addition, the current ratings are confronted with the results of a survey applied to Brazilian political scientists. The ideological classification resulting from the survey coincides with several others in the literature, compiled from different methods, which include evaluation by party members. The conclusion is that the location of Brazilian parties in the left-right dimension is quite uniform, among different measurements, to be considered valid, opposing the current evaluation of absence of political identity in the Brazilian party system.
A ideologia dos partidos políticos brasileiros, recorrentemente apontada como inconsistente, é neste artigo mensurada a partir da análise de conteúdo dos seus documentos programáticos, a partir de uma escala alternativa, elaborada para captar especificidades brasileiras, geralmente negligenciadas na literatura comparada internacional. As posições dos sete principais partidos brasileiros são calculadas na dimensão esquerda-direita e na dimensão conservador-liberal, que são em seguida cruzadas para a formação de um plano bidimensional. Os resultados encontrados são comparados a outras classificações encontradas na literatura sobre o Brasil e indicam a pertinência de mobilizar a posição ideológica dos partidos como variável independente para a compreensão de diversos aspectos do sistema partidário brasileiro.
Há um debate na ciência política brasileira sobre a bipolarização do sistema partidário, decorrente da concentração da competição, nas eleições presidenciais, em dois partidos: PT e PSDB. O objetivo do artigo é identificar o conteúdo e os termos da competição entre tais partidos no que se refere às suas ênfases temáticas, através da comparação entre os programas de governo de cada um para as eleições presidenciais de 2006 a 2014. A hipótese, derivada da saliency theory, é de que a competição entre eles se baseia na seleção de temas específicos e agendas alternativas. O método utilizado para mensuração das agendas e preferências é a análise de conteúdo, com aplicação das categorias do Manifest Research Group/MARPOR. Os resultados revelam que as plataformas se aproximam por conterem os temas da agenda pública nacional, mas se distinguem nas prioridades que estabelecem e na direção em que adaptam suas ênfases ao longo do tempo.
Este artigo pretende contribuir para o debate sobre o papel dos partidos na escolha eleitoral no Brasil e tem como objetivo central verificar como a preferência partidária, operacionalizada em termos de uma escala de apreço pelos partidos individualmente, se relaciona com variáveis socioeconômicas e com a decisão do voto. Os resultados indicam que a renda familiar não explica as preferências dos eleitores pelos partidos, que, por sua vez, também não explicam o voto para deputado federal, sugerindo uma confirmação das hipóteses presentes na literatura a respeito do declínio da identificação partidária e da fraqueza dos laços sociais dos partidos com o eleitorado.
This article aims to contribute to the debate on the role of parties on the electoral choice in Brazil and intends to verify how party preference - which is measured through a scale of levels of preference -relates to socio-economic variables and with the decision of vote. The results indicate that the income does not explain the preferences of voters regarding parties, which in turn, also does not explain the vote for federal deputy. This seems to suggest that the literature regarding the decline of partisan identification and the weakness of the social links among parties and voters is correct
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