Introdução: O cuidado farmacêutico na gestação de alto risco deve considerar as rápidas mudanças fisiológicas e a escassa literatura sobre a segurança do uso de medicamentos em mulheres. Adicionalmente, gestantes hospitalizadas necessitam de intensa farmacoterapia para controle pressórico e glicêmico o que eleva o risco de reações adversas a medicamentos (RAM). A literatura é escassa sobre o perfil de RAM, sobretudo relacionada a relação entre período de tratamento e sua ocorrência. Objetivo: caracterizar as RAM em gestantes quanto ao tipo, medicamentos implicados e período de hospitalização de sua ocorrência. Métodos: Estudo observacional, longitudinal e prospectivo (agosto de 2019 a dezembro de 2021) que incluiu 297 gestantes hospitalizadas em acompanhamento diário e em uso de pelo menos um medicamento. As RAM foram investigadas diariamente através de busca em prontuários e entrevistas com as pacientes. A ocorrência de RAM foram relacionadas ao tempo de hospitalização. Os dados foram apresentados descritivamente (Stata v 15.0). Resultados: Um total de 1.762 mulheres grávidas foram admitidas no setor de alto risco, porém apenas 297 gestantes foram incluídas neste estudo. A idade média da população estudada foi de 30,3 ± 6,5 anos e idade gestacional de 31 ± 6,9 semanas. Um total 226 RAM foram detectadas em 107 pacientes (35,9% apresentaram uma ou mais RAM) com uma taxa de incidência de 615,2 (IC95% 481,4 – 783,2) por 1000 pacientes-dia. Agentes adrenérgicos de ação central e antiespasmódicos representaram as principais classes farmacológicas associadas à ocorrência de RAM (56%). Nas primeiras 48h, detectouse 41,6% das RAMs decaindo para 11,9% do total nas 48h seguintes. A metildopa ocasionou sedação, cefaleia e náusea prioritariamente nas primeiras 24h. Em contraste, a escopolamina promoveu diplopia, xerostomia e a constipação entre segundo e terceiro dia após a admissão da paciente. A partir do quarto dia a ocorrência de RAM diminui significativamente (1,5% do total). Conclusão: Agentes adrenérgicos de ação central e antiespasmódicos são os principais medicamentos associados a RAM em gestantes hospitalizadas. Geralmente são de gravidade leve e ocorrem com maior predomínio nas primeiras 48h da admissão da paciente no serviço hospitalar.
Introdução: Gestantes de alto risco são mais propensas a complicações e partos prematuros, podem necessitar de hospitalização e farmacoterapia para controle pressórico e glicêmico sobretudo. As mudanças fisiológicas associadas a gravidez aumentam a vulnerabilidade a eventos adversos como aqueles decorrentes de interações medicamentosas (IM). A análise de rede compreende uma abordagem eficaz para identificar padrões complexos em saúde como a ocorrência de IM. Objetivo: caracterizar a ocorrência de IM, os principais medicamentos e desfechos envolvidos com IM graves via análise de rede. Métodos: Coorte prospectiva (set/19 a jun/22) incluindo 297 gestantes hospitalizadas acompanhadas diariamente em uma maternidade escola. As IM foram classificadas utilizando-se a base de dados Micromedex em leves, moderadas e graves. Foi feita análise descritiva (Stata© v15) e de rede (Gephi© 0.9.1). Na análise de rede, empregou-se o algoritmo de Yifan Hu e foi adotado o critério de betweenness centrality para identificar os fármacos mais implicados com interações graves. Resultados: As pacientes apresentaram idade média de 30,4 ± 6,6 com 30,9 ± 7,0 semanas de gestação com predomínio de hipertensão gestacional (32%) e diabetes gestacional (35,7%). O tempo médio de tratamento foi de 5,6 ± 4,2 e a média total de medicamentos prescritos por paciente foi 7,4 ± 2,9. Cerca de 85% apresentaram pelo menos uma IMP no período e uma taxa de incidência de 146,3 IMP por 1000 pacientes-dia. Os pares de IMP mais frequentes foram hidralazina/metildopa (10,6%) e hidralazina/ dipirona (5,6%), ambas moderadas. Em relação as IMP graves, a análise de rede destacou três clusters: a) levomepromazina associada a fármacos depressores e anticolinérgicos; b) dipirona associada a anti-inflamatórios e anticoagulantes e c) sulfato ferroso com fármacos com potencial para quelação. Conclusão: IMP em gestantes hospitalizadas são frequentes, sendo as IMP graves associadas ao risco de depressão cardiorrespiratória, hemorragia digestiva alta e anemia.
Introdução: As síndromes hipertensivas gestacionais (SHG) acometem cerca de 10% das gestações e pode representar danos para a mãe e o feto. A farmacoterapia antihipertensiva é o tratamento de primeira linha, contudo as alterações fisiológicas e literatura escassa associadas a gestação promove uma maior vulnerabilidade a ocorrência de Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM). Objetivo: caracterizar os PRM quanto a causa, tipo e medicamentos implicados em mulheres hospitalizadas para controle da hipertensão gestacional. Método: Coorte prospectivo (set/2019 a jun/2022) que incluiu 547 gestantes hospitalizadas em acompanhamento diário. Os problemas relacionados à terapia anti-hipertensiva foram classificados de acordo com as diretrizes da Pharmaceutical Care Network Europe (PCNE v 9.0). Os dados foram apresentados descritivamente (Stata v 15.0). Resultados: As pacientes avaliadas tinham em média foi 30,4 anos e 30,9 semanas de idade gestacional. Entre as avaliadas, 441 apresentaram um quadro de SHG sendo as mais frequentes a hipertensão gestacional (34,2%), hipertensão arterial (33,6%) e pré-eclâmpsia (12,8%). Cerca de 62% das portadoras de SHG apresentaram um ou mais PRMs (média de 1,0 ± 0,9 PRM por paciente) com um total de 177 PRM identificados. A maioria dos PRMs foram relacionados à inefetividade terapêutica, destacando-se a metildopa (74; 58,3%) e nifedipino (26; 64,4%). A ocorrência de reações adversas relacionada a metildopa (55; 35,4%) e nifedipino (15; 36,6%) também foram frequentes. As principais causas dos PRMs de inefetividade foram a subdose (86,3%). A detecção de PRMs predominou nas primeiras 48h com 68,9% (122) das ocorrências com destaque para a metildopa (P1.2: 59, 79,3%; P2.1: 35, 77,5%) e nidefipino (P1.2: 12, 50%; P2.1: 10, 66,7%), mas tendem a decrescer consideravelmente já no 4º dia de tratamento. Conclusão: Em suma, os problemas relacionados à terapia anti-hipertensiva são frequentes em gestantes hospitalizadas, sobretudo relacionados à inefetividade terapêutica e a ocorrência de eventos adversos.
Introdução: As gestantes são particularmente vulneráveis a problemas relacionados a medicamentos (PRMs), principalmente as de alto risco com quadros de diabetes mellitus (DM) e a diabetes mellitus gestacional (DMG). Apesar da sua relevância, são escassos dados sobre a frequência, tipo e causa da insulinoterapia em gestantes hospitalizadas. Objetivo: caracterizar os PRM associados a insulinoterapia em gestantes hospitalizadas segundo a frequência, tipo e causa. Método: Coorte prospectivo (set/2019 a jun/2022) que incluiu 547 gestantes hospitalizadas em acompanhamento diário. Os problemas relacionados à terapia anti-hipertensiva foram classificados de acordo com as diretrizes da Pharmaceutical Care Network Europe (PCNE v 9.0). Os dados foram apresentados descritivamente e a comparação entre a ocorrência de PRM frente ao tipo de insulina foi avaliada via teste do qui-quadrado (Stata v 15.0). Resultados: Durante o período de estudo, 320 (58,5%) gestantes apresentaram quadros de diabetes sendo 32,2% gestacional e 26,3% mellitus. Foram identificados 163 PRM em 201 pacientes diabéticas (63,8%), média de 0,8 ± 0,8 PRM por paciente. Foram identificadas prescrições de insulina humana regular (62,1%), insulina humana NPH (35,3%) e insulinas análogas (2,6%). A maioria dos PRMs foram relacionados à inefetividade terapêutica (144; 88,3%), sobretudo relacionada a seleção da dose. A ocorrência de hipoglicemia foi reduzida (7; 4,3% dos PRMs). Não houve diferença entre a ocorrência de PRM de inefetividade quanto aos diferentes tipos de insulinas (p=0,732): análogas (100%) vs NPH (89%) vs regular (85,5%). As primeiras 48h de tratamento concentram 62,7 dos PRMs, decrescendo para 10,2% no terceiro e quarto dia. Conclusão: Os problemas relacionados à insulinoterapia são frequentes em gestantes hospitalizadas nas primeiras 48h, sobretudo relacionado a inefetividade terapêutica associada à seleção de dose inadequada. São raros eventos hipoglicêmicos.
Introdução: A farmacoterapia em unidades de terapia intensiva neonatal (UTIN) é complexa envolvendo maior gravidade clínica e prematuridade fisiológica. Neste contexto, a caracterização de reações adversas a medicamentos (RAM) quanto a gravidade e evitabilidade são essenciais para o farmacêutico intensivista. Contudo, o desempenho de ferramentas com essa finalidade e no contexto de UTIN são pouco descritos na literatura. Objetivo: Avaliar a reprodutibilidade intravaliadores de ferramentas para caracterização da gravidade e evitabilidade de RAM em UTIN. Métodos: Este estudo observacional e prospectivo foi desenvolvido em neonatos internados na Unidade de Terapia Intensiva de uma maternidade referência para gestação de alto risco em Natal/Brasil entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020. Os casos de RAM suspeitas foram disponibilizados por três farmacêuticas independentes e experientes (mais de 4 anos de experiência em UTIN) que aplicaram as ferramentas de Hartwing (gravidade) e Bracken (evitabilidade). A reprodutibilidade intravaliadores foi mensurada pelo Kappa de Cohen (k) com respectivos intervalo de confianção 95% (IC95%). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes sob nº 2.591.495/2018. Resultados: As farmacêuticas aplicaram os instrumentos em 79 casos de RAM identificadas em UTIN de um hospital universitário. Os neonatos média de idade gestacional de 30±4 semanas e peso ao nascer de 1.446,0±1.179,3g. A identificação da gravidade da RAM via Hartwing mostrou uma boa correlação global (k global = 0,573; IC95% 0,409 – 0,737) com uma concordância de 86,5% e discordância de 48,3% interavaliador. Não houve correlação estatisticamente significativa para determinação de evitabilidade via Bracken (k global = 0,007; IC95% -0,046 – 0,022), assim como um percentual de disconcordância interavaliador de 83,3%. Conclusão: A determinação da gravidade de RAM através do método de Hartwing apresenta uma boa reprodutibilidade entre diferentes avaliadores, enquanto o método de Bracken para classificação de evitabilidade não se mostrou reprodutível.
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