Este artigo analisa alguns aspectos criativos do romance português contemporâneo, surgido após a Revolução dos Cravos de 1974. Com base nessa intenção, contata-se que há uma profunda vinculação entre as transformações políticas ocorridas em Portugal, após 1974, e a produção artística lusitana das últimas três décadas. Com a Revolução dos Cravos, a arte literária portuguesa empreendeu a revisitação crítica dos seus caminhos artísticos, sobre os quais havia pairado, durante meio século, a ação da censura salazarista. Com a liberdade, a Literatura Portuguesa passou a viver um período de notável efervescência criadora. No âmbito da produção narrativa, podem ser percebidas tendências marcantes do romance português, tais como a tematização da Guerra Colonial mantida por Portugal, na África, a emergência do feminino no campo da escritura literária e, sobretudo, a transfiguração e reescrita da História pela Literatura. Under the red of the carnations of April literature and revolution in contemporary Portugal Abstract This article analyzes some creative aspects of the contemporary Portuguese novel, came up after Clove Revolution in 1974. Based on that intention, it is verified that there is a profound link between political transformation occurred in Portugal after 1974 and artistic Portuguese production of the last three decades. With the Clove Revolution, Portuguese literary art undertook the critical revisit of its artistic pursuits, upon which had hovered during half century, the action of salazarist censorship. With liberation, Portuguese literature came to live a period of notable creative effervescence. In the ambit of narrative production, it can be noticed remarkable tendencies of the Portuguese novel, such as the theme of Colonial War kept by Portugal in Africa, the emergency of feminism in literature and, moreover, the transfiguration and rewriting of History through literature.
Resumo: A Consolação às Tribulações de Israel (1553) de Samuel Usque é o principal testemunho literário da expulsão e da diáspora a que foram submetidos os judeus portugueses, a partir de 1531. Com inclinaçao memorialística, essa obra explora a tragédia e o exílio que a intolerância religiosa e a ação da Inquisição impuseram aos judeus ibéricos. Em seu texto, Samuel Usque comenta que a consolação efetiva se obtém comparando os males passados com os experimentos no presente. Tal intenção levou o autor a revisitar as tragédias sofridas pelo povo hebreu, desde os tempos bíblicos até a época das perseguições da Inquisição. Palavras---chave: Samuel Usque. Inquisição. Diáspora judaica. Judaísmo. Memória. Abstract: A Consolação às Tribulações de Israel (1553) by Samuel Usque is the main literary testimony of the expulsion and dispersion that the Portuguese Jews were submitted, beginning in the year of 1531. With a memory inclination, this work explores the tragedy and the exile that the religious intolerance and the action of the Inquisition imposed to the Iberian Jews. In his text, Samuel Usque comments that the real consolation is obtained by comparing the last evils with the experiments in the present. Such intention took the author to revisit the suffered tragedies by the Hebrew people, since the biblical times to the time of the persecutions of the Inquisition. Keywords: Samuel Usque. Inquisition. Jewish dispersion. Judaism. Memory. A Consolação às Tribulações de Israel (1553), escrita pelo português Samuel Usque, constitui---se como um clássico da Literatura Portuguesa do século XVI por ser o único testemunho literário da prosa doutrinal hebraica produzida, em português, neste período. A primeira edição apareceu no prelo de Abraão Usque, em Ferrara, em 1553. A obra teve uma larga difusão entre os marranos, pois um dossiê da Inquisição portuguesa revela, em 1558, que a obra circulava entre os milhares de cristãos---novos portugueses de Bristol e de Londres (Cf. NAHON, 1998, p. 700---701). Uma reedição apareceu em Amsterdã em 1559, inaugurando uma intensa produção literária judaica espanhola e portuguesa nos Países Baixos. O texto de Usque foi e continua a ser uma obra esquecida e negligenciada pelos historiadores, pelos estudiosos da Literatura portuguesa e pelos pesquisadores que se dedicam aos Estudos Judaicos. Isso pode ser atestado pelo o aparecimento de uma edição inglesa, em 1965, graças aos esforços de tradução e edição de Martin A. Cohen. Em língua portuguesa, a última edição é de 1989, editada pela Imprensa---Nacional Casa da Moeda e precedida dos importantes estudos introdutórios de Pina Martins e Yosef Hayim Yerushalmi. 1 Por sua linguagem e composição poética, ela se constitui um verdadeiro monumento das letras portuguesas. Pela inserção que ela realiza na economia da redenção dos dramas impostos ao povo de Israel, emblematicamente, ela exprime, como narrativa híbrida, a concepção judaica da história. Sob a forma de um diálogo pastoril, Samuel Usque se dirige aos "senhores do desterro de Portugal", tes...
Resumo: Vasco da Gama não é uma figura histórica sempre colocada da forma através da qual muitos cronistas narraram sua empresa marítima, registrando somente o protagonismo dos grandes vultos do episódio considerado oficial. Por isso, buscamos nesse trabalho sintetizar um percurso pontuado pelas manifestações históricas e literárias que produzem representações distintas de seu caráter e de suas viagens. Considerar Vasco da Gama enquanto tema, nos permitirá olhar de forma mais atenta e substanciada os textos subsequentes que dialogam com os antigos registros celebrativos desse importante personagem da história de Portugal. Palavras-chave:Vasco da Gama. Descobrimentos. Imaginário. Memória.Abstract: Along with the legendary and heroic figure of Vasco da Gama from traditional narratives and chronicles of Portuguese history, there are many other biographical and fictional versions of his "story". In this article, we present some of these versions, which reflect particular historical tendencies in history throughout many centuries, and reveal a certain imaginary instability and political bias in the representation of heroes. By considering Vasco da Gama a thematic issue we will be able to read subsequent writing about his "life" as part of an imaginary and political development of historical methods. 176 Daniel Vecchio Gerson Luiz RoaniSabemos que a memória é uma reconstrução continuamente atualizada do passado, cujos enquadramentos são compartilhados por campos diversos, como a história e a literatura. Sob diversificadas formas individuais e coletivas da memória, esses dois saberes refletem dinâmicas culturais, narrativas e simbólicas de representação. Os estudos sobre a memória entendida como fenômeno coletivo e social são recentes, remontam aos trabalhos pioneiros de Maurice Halbwachs (1877-1945. Em
Na literatura, várias cidades assumiram a condição de símbolosliterários vinculados à escrita de autores expressivos. Na poética de Fernando Pessoa, Lisboa assume a condição de um universo simbólico, no qual as vivências mais profundas do poeta encontram eco. Lisboa é uma presença permanente na prosa de Bernardo Soares e nos poemas do heterônimo Álvaro de Campos. Isso torna possível uma geografia pessoana que ultrapassa a simples descrição da cidade, tornando-se uma arte de tecer paisagens interiores.
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