É conhecido que o uso e o abuso de substâncias psicoativas pelas mulheres têm crescido no mundo ocidental, o mesmo ocorrendo entre as brasileiras 1 . Esse consumo pode acarretar inúmeras consequências e durante a gestação implica risco grave à saúde materna e fetal, favorecendo maior número de abortos, partos prematuros, retardo cognitivo, crescimento restrito do concepto, entre outras 2 .No caso particular do álcool, a prevalência de síndrome alcoó-lica fetal (SAF) chega a 6% nos filhos de mães alcoolistas 3 , e mesmo naquelas crianças que não preenchem critérios para a síndrome, consequências comportamentais e emocionais tais como impulsividade, promiscuidade, problemas de socialização e de comunicação podem ser observadas mais frequentemente, quando comparadas com crianças da mesma idade que não foram expostas. Também para a mãe a exposição ao álcool traz agravos físicos, que incluem associação com transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, e psicológicos, não havendo níveis seguros conhecidos para o consumo do álcool durante a gestação 4 .O V Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas 5 , que entrevistou estudantes do ensino fundamental e médio, mostrou que 80,8% dos estudantes entre 16 e 18 anos já consumiram álcool ao longo da vida. A precocidade da experimentação surge com a prevalência de 41,2% para as crianças entre 10 e 12 anos relatando esse consumo, demonstrando que as estratégias de prevenção devem começar aos 10 anos.O II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópi-cas no Brasil (2005) 6 encontrou aumento na gravidade do uso/abuso/ dependência de substâncias, com 52,8% dos meninos e 50,8% das meninas entre 12 e 17 anos, relatando consumo de álcool na vida, com prevalência de dependência igual a 7%.É importante lembrar que o álcool e outras substâncias psicoativas podem ser utilizados por mulheres para automedicar a dor decorrente de situações de violência doméstica e trauma 7,8 . Para crianças e adolescentes, a convivência em lares disfuncionais com maus-tratos físicos e psicológicos pode aumentar em até 19 vezes a probabilidade do abuso ou dependência do álcool 1,9 . As meninas parecem experimentar maior estresse nesses lares conflitivos.O Instituto de Prevenção e Pesquisa em Álcool e outras Dependências (IPPAD) desenvolve projeto em andamento que investiga a prevalência do consumo de substâncias psicoativas entre adolescentes e sua correlação com traumas, em uma amostra total de 300 sujeitos. São adolescentes do ensino médio, de ambos os sexos, provenientes de escolas públicas de Porto Alegre e cadastrados para estágio em empresa, no Centro de Integração Empresa Escola (CIEE/RS).O CIEE/RS oferece um curso de dois meses de preparação ao mercado de trabalho, a jovens em contexto de vulnerabilidade, no qual está inserido o projeto Eu me Cuido, de prevenção ao uso de drogas, desenvolvido pelo IPPAD em parceria com o CIEE. Este estudo é um recorte que objetiva investigar o consumo do álcool por adolescentes do sexo feminino, buscando ampliar o conhecimento de um...
ResumoContexto: Os transtornos comórbidos entre dependentes químicos têm se mostrado a regra e não a exceção. O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é um transtorno de ansiedade que se desenvolve após evento traumático, com importante sintomatologia. Quase 100% dos dependentes químicos que procuram tratamento relatam história de traumas, e as prevalências de TEPT têm variado entre 30% e 60%. Entre os alcoolistas, as prevalências de TEPT variam de 10% a 40%. Apesar das altas prevalências, tais transtornos carecem de investigação pelos clínicos. Objetivos: Tem-se como objetivo relatar o caso de um alcoolista com transtorno bipolar e sintomas de TEPT há alguns anos, cujo resultado de tratamento deveu-se ao reconhecimento da última comorbidade e abordagem conjunta das patologias. Métodos: Paciente masculino, 40 anos, participou em uma pesquisa do Instituto de Prevenção e Pesquisa em Álcool e outras Dependências (IPPAD), que investiga a exposição a eventos traumáticos e TEPT em dependentes químicos, respondendo a vários instrumentos. Realizou entrevistas com uma das pesquisadoras visando a este relato de caso. Os resultados foram avaliados por entrevistas com o paciente e aplicação da Davidson Trauma Scale (DTS). Resultados: A DTS foi respondida por ocasião da participação na pesquisa e um ano após, para avaliar resultados de tratamento. No primeiro momento, o paciente pontuou um escore total de 75 pontos e, no segundo, de 40 pontos. A melhora deveu-se ao reconhecimento do TEPT e seu tratamento com psicoterapia psicodinâmica, terapia cognitivo-comportamental e abordagem familiar como estratégias terapêuticas utilizadas. Para o tratamento psicofarmacológico foram utilizados carbonato de lítio, sertralina e clonazepan. Conclusões: A investigação de traumas e TEPT deve ser rotina no atendimento de alcoolistas. O reconhecimento precoce desta comorbidade pode prevenir sua cronicidade, favorecer a aderência e promover o tratamento adequado. G, et al. / Rev Psiq Clín. 2008;35(4):154-8 Palavras-chave: Estresse pós-traumático, paciente alcoólatra, comorbidade. Pulcherio AbstractBackground: Psychiatric comorbidity is common among addicted patients. Post-traumatic stress disorder (PTSD) is a highly symptomatic anxiety disorder of acute onset after a major distressing life-event. Objectives: In clinical practice, patients suffering from drug addiction invariably report the occurrence of psychologically stressful episodes, with frequencies of PTSD ranging from 30% to 60%. Among patients suffering from alcohol dependence, the prevalence of PTSD is estimated to range between 10% and 40%. Methods: We report the case of a 40-year old alcoholic man presenting with comorbid bipolar disorder and long-lasting symptoms of PTSD. The subject was an outpatient at the Institute for Prevention and Research on Alcohol and Other Addictions (Instituto de Prevenção e Pesquisa em Álcool e Outras Dependências -IPPAD), being assessed for the occurrence of PTSD with the aid of several psychometric instruments. Results: Data derived from cli...
Objective:The present study is investigating posttraumatic stress disorder among male with substance dependence in treatment.Methods:Forty drug-addicted men participated of this study. All the subjects were psychiatric outpatients of Ippad, Porto Alegre, Brazil. They completed the following instruments: Specific Traumatic Events Scale, Davidson Trauma Scale, Beck Depression Inventory, Sociodemographic characteristics. The measures were a self-report. SPSS 12.5 was used by the statistical analyses. Descriptive statistics include frequency, percents and means. Significance of 5%.Results:Overall the patients 30% had PTSD. The patients with PTSD had more family members with abuse or drugs dependence (66,7% versus 54,5%), related more exposure trauma (6,3 versus 4), when compared without PTSD. The PTSD patients punctuated more symptoms in Davidson Trauma Scale (12,8 versus 4,8). Punctuated more frequency and severity of symptoms’, mainly, hypercitability. The more frequent trauma was mugged or threatened with a weapon, 84,1%.Conclusions:Psychiatric comorbidity is common among addicted patients. Post-traumatic stress disorder (PTSD) is a highly symptomatic anxiety disorder of acute onset after a major distressing life-event. In clinical practice, patients suffering from drug addiction invariably report the occurrence of psychologically stressful episodes, with frequencies of PTSD ranging from 30% to 60%. Among patients suffering from alcohol or other drugs dependence, the prevalence of PTSD is estimated to range between 10% and 40%. Global response to treatment was achieved after the recognition and appropriate treatment of the latter condition, along with the combined approach to other comorbid disorders.
Acreditando que a medicina por nós praticada no dia-a-dia muito se beneficia da estratégia de divulgação adotada pela RAMB, ao solicitar que editores de renome e experiência analisem alguns artigos em destaque na literatura recente, tomo a liberdade de acrescentar que, às vezes, os assuntos são polêmicos e que conclusões muito enfáticas podem merecer alguns reparos.A nosso ver é esse o caso dos comentários do Prof. Uenis Tannuri do qual me permito, respeitosamente, discordar. Assim resume seus comentários sobre trabalho randomizado sobre qual a melhor via de acesso para a piloromiotomia da estenose hipertrófica de piloro aberta ou laparoscópica: "conclui-se, pelo presente artigo, que a videolaparoscopia para a correção da estenose hipertrófica não deve ser utilizada" Em conclusão, temos na literatura recente e séria, dados suficientes para apoiar a via de acesso cirúrgica que nos for mais simpática, sem estarmos autorizados a afirmar que a outra via não deva ser utilizada. Comentário do autorAgradeço os comentários do Prof. Dr. Manoel Carlos Velhote e inicialmente enfatizo que minhas conclusões foram baseadas no artigo publicado no presente ano por Leclair et al. e em minha experiência pessoal. Concordo com os autores que a via laparoscópica não deve ser utilizada por não trazer vantagens ao paciente com estenose hipertrófica do piloro e que deverá ser submetido à piloromiotomia. Apontei as vantagens da via aberta convencional, principalmente a praticidade, tempo de duração da cirurgia menor do que a via laparoscópica e a possibilidade de ser realizada em hospitais que não dispõem de equipamentos de videocirurgia. Finalmente, ressalto a premissa de que a via aberta requer apenas uma incisão que se confunde com a cicatriz umbilical e que a via laparoscópica requer três portas de abertura da parede abdominal. A importância do trauma psicológico para a saúde física e psíquica dos indivíduos ganhou nova força com os estudos do estresse pós-traumático em sobreviventes da IIª Grande Guerra e veteranos do Vietnã. Eles ampliaram o conhecimento sobre o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) demonstrando sua ocorrência na vida cotidiana, diferente do preconizado até então 1 . Trata-se de um transtorno de ansiedade que se desenvolve após a ocorrência de um evento traumático, no qual a pessoa experimentou ou testemunhou grave ameaça à sua vida ou a de outros. As agressões violentas como ser assaltado, ameaçado com arma, espancado, sofrer violência sexual, sofrer violência doméstica, comuns entre os alcoolistas, têm sido apontados como os eventos traumáticos com maior risco para TEPT. U U U U UENIS ENIS ENIS ENIS ENIS T T T T TANNURI ANNURIA alta exposição a eventos traumáticos tem sido documentada em estudos populacionais e em estudos com portadores do transtorno por uso de substâncias psicotrópicas 2 , 3 . No entanto, estes apresentam maior exposição a eventos traumáticos pelos comportamentos de risco e distúrbios de conduta. O número de exposições aumenta as chances de desenvolver TEPT.Apesar disso, a invest...
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