Tomando as viagens de mulheres na modalidade solo como objeto empírico, o presente artigo objetiva discutir a incompatibilidade da representação patriarcal da mulher com seu deslocamento livre. Para tanto, além de realizar uma revisão blibliográfica, partiu-se da análise de blogs de viagens, mais especificamente, de postagens de “dicas para mulheres que viajam sozinhas”. Isso, pois entendese que a busca por dica (breve conselho/informação privilegiada) demonstra uma comunicação estratégica entre as mulheres para tentar reduzir as violências presentes no processo de deslocamento. Asssim, as dicas expressam a condensação de experiências individuais/coletivas e serve-nos como estruturas de redução fenomenológica intersubjetiva; serve-nos como material analítico capaz de aclarar um pouco mais essa relação conflituosa entre a representação patriarcal da mulher e o seu deslocamento. Ao final, conclui-se que o deslocamento da mulher é dificultado em múltiplas escalas, incluindo a dos deslocamentos turísticos; que o caráter simbólico e ideológico que marca sua representação numa sociedade patriarcal é onde reside a maior parcela dos obstáculos à liberdade.
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