Este trabalho insere-se na perspetiva da Linguística Cognitiva sob o descurtino da polissemia. Tem como finalidade analisar a polissemia do vocábulo ‘cartão’ em termos lexicográficos e da linguagem em uso. Por isso, através de um corpus linguístico, primeiramente, dicionarístico, discutem-se os sentidos enformadores do item a partir do seu protótipo.  De seguida, tenta-se examinar através das primeiras 1000 ocorrências da plataforma CETEMPúblico os mútiplos sentidos que a palavra encerra numa ótica da linguagem experiencialista. Serve-se das análises empreendidas para a elaboração de duas propostas de redes de sentido das quais concluímos  categoricamente que (i) a análise lexicográfica é mais restritiva enquanto a da linguagem em uso é mais produtiva e dinâmica; (ii) dois são os principais mecanismos concetuais envolvidos na construção desses sentidos múltiplos – a metáfora e a metonímia, sendo a primeira por similaridade e a segunda por contiguidade.

Resumo:  Este artigo tem como objetivo demonstrar, através de uma análise linguístico-literária, que a linguagem usada na vertente lírica de luta da obra Caminhada (2015) de Ovídio Martins é, essencialmente, compromissiva e diretiva. Assim, por via da análise de composições poéticas do autor, concluiu-se que os mesmos se deixam, por um lado, guiar pelo comprometimento em relação a causas que nutrem os princípios de direitos universais (como a liberdade de expressão e a luta para a emancipação) e pela atenção dada às classes menos favorecidas materialmente. Por outro, verificou-se que há uma preocupação do autor em recorrer a uma linguística injuntiva espelhada numa postura de contestação e revolta, características de uma literatura engajada. Assim, o repúdio a situações mais injustas, perpetuadas pelo contexto de um regime opressivo do qual foi vítima o próprio autor, é de se destacar.  Os atos verbais que enformam os versos são suportados por conteúdos proposicionais como ordem, conselho, pedido, aviso e advertência. Tais atos ancoram, por sua vez, em dispositivos linguísticos, a nível da superfície textual, como os modos imperativo e indicativo, o tempo futuro, os pronomes da segunda pessoa gramatical, as interrogativas diretas e as perguntas retóricas, enquanto forças ilocutórias ao serviço da intenção do autor.