Até a Conferência da ONU no Rio de Janeiro em 1992, era grande a desconfiança dos movimentos sociais tradicionais com relação ao discurso ambiental. A partir de 2001, essa distância começou a se reduzir, coincidindo com a criação da Rede Brasileira de Justiça Ambiental. O presente artigo descreve os passos da constituição dessa Rede, procurando caracterizar o processo de reapropriação local da experiência internacional dos movimentos por justiça ambiental, discutindo como se procurou superar a dissociação corrente entre as questões ambientais e as questões sociais, ao mesmo tempo que se expandiu o sentido da noção de "justiça ambiental" originalmente concebido por movimentos sociais nos Estados Unidos.
A strong distance was maintained by traditional social movements that, despite the intense circulation of ideas through the whole Rio 1992 UNCED process, lacked confidence towards environmental discourse. In 2001 this distance began to be reduced, after the creation of the Brazilian Network of Environmental Justice. The present text describes the steps towards this Network creation, as well as the observed specific process of local re-appropriation of international experience, mainly that of the US environmental justice movement. It is discussed here how this process was characterized by an effort of reframing both the environmental-justice dissociation felt currently in the Brazilian experience and the American environmental justice concept, as it was originally built on the US black movement experience
INTRODUÇÃODiversas matrizes discursivas têm sido associadas à noção de sustentabilidade desde que o Relatório Brundtland a lançou no debate público internacional em 1987. Entre elas, podem-se destacar a matriz da eficiência, que pretende combater o desperdício da base material do desenvolvimento, estendendo a racionalidade econômica ao "espaço não-mercantil planetário"; da escala, que propugna um limite quantitativo ao crescimento econômico e à pressão que ele exerce sobre os "recursos ambientais"; da eqüidade, que articula analiticamente princípios de justiça e ecologia; da autosuficiência, que prega a desvinculação de economias nacionais e sociedades tradicionais dos fluxos do mercado mundial como estratégia apropriada a assegurar a capacidade de auto-regulação comunitária das condições de reprodução da base material do desenvolvimento; da ética, que inscreve a apropriação social do mundo material em um debate sobre os valores de Bem e de Mal, evidenciando as interações da base material do desenvolvimento com as condições de continuidade da vida no planeta.Desde a United Nations Conference on Environment and Development -Unced (1992), a noção de sustentabilidade vem ocupando espaço crescente nos debates sobre desenvolvimento. De um lado, no interior do discurso desenvolvimentista -produzido por agências multilaterais, consultores técnicos e ideólogos do desenvolvimento -, verificouse um investimento na correção de rumos, no esverdeamento dos projetos, na readequa-79 * Trabalho selecionado da sessão temática 5 -"Desenvolvimento urbano sustentável: que qualidade e para quem?" http://dx
RESUMO1\ ação coletiva contra uma ordem ambiental tida por injusta manifesta-se simultaneamente em dois planos: a) no plano da distribuição objetiva dos efeitos ambientais das prátieas sociais. que exprime a diferença de poder sobre os reeursos ambientais entre os distintos grupos soeiais; e b) no plano diseursivo. , no qual vigoram distintos esquemas (k representação do mundo. do ambiente. da justiça ete. E neste último plano que eoloea-se emjogo a legitimidade do padrão de distribuição do poder sobre os reeursos ambientais. O presente trabalho procura analisar o modo eomo os movimentos por justiça ambiental operam nos planos prátieo e diseursivo. reeusando a reprodução da desigualdade de poder e denuneiando as relações de dominação assoeiadas à imposição desigual de danos ambientais. Palavras-chave: riseo.justiça ambiental. movimentos soeiais ABSTRACfThe eolleetive aetion against \Vhat is denouneed as an unfair environmental order expresses itselfat t\Vo kvels: a-at the levei of the objeetive distribution of environmenlal elTects of the social praetiees. relleeting the distinet amounts of po\Ver over environmental resourees bet\Veen the dilTerent social groups and b-at the levei ofdiseol!rse. Ilhere are established dilTerent represenlations ofthe I\orld. the environmenL justiee ete. I\t this last leveI. \Ve'lllind the debate about the legitimaey ofthe distribution pattern of po\Ver over resourees. The present text analyses the \Vay through \Vhieh the movements for environmentaljustiee aet at the praetieal and diseursive leveis. rcfusing the reproduetion ofthe inequality of po\Ver over resourees and protesting against domination relations resulting fram the discriminatory imposition of environmental harms. l\ev-lI'()l'(ls: risk. environmental justiee. soeialmovements
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