O objetivo do presente artigo é analisar as implicações socioambientais provocada pela expansão recente do agronegócio sucroenergético no território brasileiro, tendo como perspectiva que o processo de modernização produtiva não foi capaz de eliminar os impactos historicamente ligados ao setor e, portanto, resultar em plena sustentabilidade socioambiental. Ao contrário do que dizem representantes das empresas e do Estado, o setor continua a gerar vários danos sociais e ambientais nas Regiões Produtivas do Agronegócio Sucroenergético (RPAS), conforme atestam os estudos acadêmicos, notícias e reportagens da imprensa sobre denúncias, investigações, multas e condenações de agentes do setor envolvidos em irregularidades.
O presente artigo objetiva avaliar a expansão do agronegócio canavieiro no município de Uberaba (MG) e as implicações socioambientais decorrentes deste processo. Embora atualmente as atividades agrícolas e agroindustriais se conformem de forma moderna, vários problemas historicamente ligados ao setor canavieiro ainda são recorrentes nas regiões produtivas do agronegócio, como o que ocorre no Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba. A sistematização de dados e informações obtidas mediante revisão bibliográfica, levantamento estatístico-documental e trabalhos de campo apontam para um rápido crescimento da lavoura canavieira na área de estudo, implicando em grandes mudanças no uso da terra e nas formas de produção agrícola, o que afetou sobremaneira a dinâmica produtiva e a qualidade de vida das populações rurais.
O objetivo desse artigo é discutir o processo de oligopolização e financeirização do setor sucroenergético brasileiro ocorrido nos últimos anos sob a ótica da organização corporativa das grandes empresas e sob o paradigma produtivo da agricultura científica globalizada. O aumento das Fusões, Aquisições & Associações (joint-ventures) de grupos nacionais e transnacionais com agroindústrias sucroenergéticas e tradings, especialmente após a crise econômica e financeira internacional de 2007-2008, demonstra um relativo movimento de concentração e centralização do capital na atividade canavieira. A inserção do setor sucroenergético aos parâmetros produtivos e comerciais de âmbito internacional reforça o uso estratégico do território pelas grandes corporações mundiais.
O artigo tem como ponto de partida um diálogo com análises que discutem o movimento da fronteira do setor sucroenergético e sua influência no desenvolvimento urbano e regional no interior do território nacional. O argumento é que, apesar da maior dispersão da atividade produtiva, novas desigualdades persistem nesse setor, devido aos centros de decisões e à produção do conhecimento útil ao processo de inovação, localizados essencialmente no Estado de São Paulo. A metodologia desenvolvida se fundamenta em análises quantitativas e qualitativas. No estudo dos centros de decisão, foram utilizados dados da localização das sedes e das unidades agroindustriais. No estudo da centralização do conhecimento, foi feito um exame histórico de como evoluíram o aprendizado e as técnicas associadas ao setor canavieiro em São Paulo. Do ponto de vista teórico, o artigo busca contribuir para o estudo de como forças de diferenciação geográfica atuam em um mesmo setor produtivo.
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