A partir do início da década de 2000, o setor sucroenergético se difundiu rapidamente em porçõesselecionadas do território brasileiro, motivado pelo crescimento exponencial do consumo de etanol (etanol hidratado para motores flex fuel no Brasil e etanol anidro para misturar à gasolina em diversos países). Esta expansão tem desencadeado importantes implicações geográficas, econômicas e sociais em diferentes escalas, decorrentes da incessante busca pela competitividade do açúcar e do etanol brasileiros nos mercados internacionais. Com o objetivo de melhor compreender essa situação através de uma perspectiva geográfica, propomos desenvolver quatro pontos: 1) uma análise das características intrínsecas do setor sucroenergético (i. e., restrições à estocagem da matéria-prima, ciclo vegetativo-econômico da cana-de-açúcar, flexibilidade produtiva das usinas/destilarias, cogeração de energia elétrica, queima da palha da cana-de-açúcar para a colheita manual); 2) uma descrição da dinâmica recente do setor no território brasileiro; 3) uma discussão sobre o conceito de competitividade e sua dimensão geográfica e uma proposta metodológica de identificação das regiões competitivas agroindustriais do setor sucroenergético no Brasil; 4) um esboço da expansão do setor no Cerrado do Centro-Oeste, destacando a emergência de duas regiões produtivas com grande potencial competitivo: as mesorregiões Sul Goiano e Sudoeste do Mato Grosso do Sul.
O propósito deste artigo é demonstrar a importância e a operacionalidade dos conceitos de circuito espacial produtivo e círculos de cooperação no espaço, num momento histórico em que as esferas da produção e da troca tornam-se geograficamente mais dispersas, fazendo da circulação uma prioridade e um campo de atuação estratégica de Estados e empresas. Procura-se alcançar esse objetivo em três passos: 1) elaboração de uma discussão teórica com base nos autores que propuseram e procuraram desenvolver os conceitos; 2) proposição de uma distinção entre circuito espacial produtivo e cadeia produtiva; 3) uma breve análise da produção agrícola moderna em áreas de fronteira agrícola no território brasileiro à luz dessa teoria.
INTRODUÇÃONão se pode ignorar que o Brasil vivencia uma situação crítica em seus sistemas de transporte, armazenamento, aduaneiro, portuário e em quase tudo que diz respeito a infra-estruturas e legislação voltadas à circulação de mercadorias, commodities agrícolas em particular, tanto para o mercado interno quanto para a exportação. Termos como "gargalos logísticos" e "apagão logístico" saíram do ambiente corporativo especializado para ganhar a mídia (televisiva, eletrônica e impressa) e também tornar-se pauta prioritária de discussão, regulação e planejamento nos Ministérios e agências setoriais.De fato, muita coisa está em jogo nesse conjunto de problemas, mas a idéiasíntese que se impõe é a de competitividade da produção brasileira frente aos mercados internacionais, ameaçada por razões logísticas.Trata-se, portanto, de um problema de circulação (mais do que de produção propriamente dita), cujo encaminhamento parece seguir na direção de melhorar as condições da integração aos mercados externos -pelo menos essa tem sido a postura assumida por sucessivos governos (federal e estaduais), bem como por associações de classe e agências reguladoras setoriais.Essa situação se traduz em políticas públicas de transporte e logística a partir da expansão e consolidação de fronteiras agrícolas em áreas de Cerrado do Centro Oeste, Norte e Nordeste, com intuito de viabilizar circuitos espaciais produtivos 1 de algumas culturas de grande importância nos mercados internacionais. Nos últimos trinta anos, pode-se constatar um exponencial aumento dos fl uxos materiais provenientes dessas porções do território brasileiro, marcadas pela emergência de regiões competitivas agrícolas, pela distância em relação aos principais centros consumidores do país e aos portos exportadores e pela baixa densidade em infra-estruturas logísticas.Resumo O texto apresenta uma discussão sobre a infra-estrutura e a circulação de mercadorias e commodities agrícolas em particular, tanto para o mercado interno quanto para a exportação. A idéia-síntese que se impõe é a de competitividade da produção brasileira frente aos mercados internacionais. A análise recaiu sobre o papel do Estado e as políticas públicas de transporte e logística a partir da expansão e consolidação de fronteiras agrícolas em áreas de Cerrado do Centro Oeste, Norte e Nordeste. Palavras-chave:Cerrado; Agronegócio, Biotecnologia; Commodities e Competitividade. AbstractThis paper discusses the infrastructure and circulation of agricultural goods and commodities traded in the internal and export markets. The main idea that emerges from the text is the competitiveness of the Brazilian production performance in the international markets. The role of the State and public transportation policies and logistics are analyzed based on the expansion and consolidation of agricultural frontiers in the 'cerrado' areas located in the Center-West, North and Northeast regions of Brazil.
RESUMOAs discussões teóricas que envolvem as noções de região e de rede têm sido das mais profícuas na história da produção do conhecimento sobre o espaço geográfi co e a economia espacial, bem como para o avanço metodológico da Geografi a. Esse campo semântico tem trazido grandes contribuições para o desvendamento da organização e do uso dos territórios. A partir da análise da modernização e expansão agrícola no território brasileiro, consideramos que os conceitos de região competitiva e logística, compreendidos como as expressões geográfi cas respectivamente da produção hegemônica e da circulação corporativa, podem dar conta da explicação da organização e do uso do território brasileiro no presente. Com essa proposta, esperamos dar uma pequena contribuição para o avanço teórico metodológico da Geografi a e das ciências regionais. Palavras-chave:Território brasileiro, produção agrícola moderna, região competitiva, logística ABSTRACTThis paper discusses the concepts of region and networks, as an important issue in Geography, Spatial Economy and Regional Sciences. It seems that the current space division of labour, known as globalization, commands new hegemonic ways of producing and circulating. We call this new geographic expressions competitive region and logistics. We search to demonstrate how operational these concepts are, through a study of the modernization and expansion of the agricultural fronts in the Brazilian territory.
As novas áreas de agricultura moderna no território brasileiro (commodities agrícolas), situadas sobretudo nas porções Centro-Oeste e Norte, resultantes da atual tendência a uma maior especialização funcional dos lugares e regiões, têm motivado substanciais transformações nas redes e sistemas de transportes (hidroviário, ferroviário e rodoviário) e de telecomunicações (acelerada difusão espacial das redes telemáticas de comunicação de dados). Os lugares perdem, cada vez mais, sua autonomia relativa e tornam-se subordinados aos agentes e interesses vinculados às escalas nacional e mundial. A produção, o crédito, o abastecimento e o consumo passam a ser regulados de fora, distorcendo políticas públicas locais e regionais. Disso resulta uma nova organização do território e um uso mais corporativo, sobretudo dos sistemas de transportes e comunicações, fragmentando o território e comprometendo um projeto nacional. Propomos uma análise da integração eletrônica do território e da logística empresarial objetivando elaborar um conhecimento do sistema de movimentos corporativos como subsídio a um planejamento territorial no Brasil que seja mais justo socialmente.
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