Neste estudo, procuramos dar visibilidade ao fato de que a política financeira (neo)liberalista produz efeitos sobre o modo como a educação acontece no – seu funcionamento se inscreve em determinada conjuntura sócio-histórica relativa ao – espaço político-simbólico da escola formal, em especial, no âmbito do Ensino Médio e do Ensino da Produção de Textos em Língua Portuguesa. Por meio da análise discursiva de dois recortes, selecionados a partir de um corpus constituído de produções textuais que inscrevem a prática de (re)escrita, pudemos mostrar – ao mobilizarmos, sobretudo, as noções de discurso, estrutura e acontecimento – que o efeito de afrouxamento produzido pelo (neo)liberalismo sobre a relação sujeito-conhecimento se (re)produz, na escola e no ensino do processo de escrita, sobre a relação professor-aluno-conhecimento. Esse afrouxamento estabelece o espaço a partir do qual o investimento no sujeito do fazer e nas práticas de treinamento (capacitação, habilitação) se sobrepõe ao investimento no sujeito do saber e nas práticas de formação, o que, no âmbito da sala de aula, significa as práticas didático-pedagógicas voltadas à promoção da escrita como inócuas, pois seus efeitos, ao contrário do esperado e desejado, fortalecem certa dissonância em relação ao processo de transformação social que a apre(e)nsão de uma prática de escrita por parte do aluno poderia produzir.