O artigo procurar refazer o debate seiscentista acerca da cientificidade da matemática e da possibilidade de se conceber a ideia do infinito positivo para abordar as implicações filosóficas da matemática na obra de Espinosa, dando estaque para a ordenação geométrica em sua Ética. Abordaremos o pensamento matemático do filósofo a partir de três perspectivas: a pedagógica, a epistemológica e a ontológica. No sentido pedagógico, a sua geometria sintética procura habitar a evidência como expressão retórica e pedagógica de encadeamentos perfeitos e auto evidentes que conduzem o andamento do leitor por proposições filosóficas. No sentido epistemológico, temos o habitar da própria coisa entendida por meio de uma definição genética que fornece tanto a própria essência atuosa da coisa como a diferença entre defini-la por meio de seus predicados (ou efeitos) ou por meio de sua essência íntima (ou causa eficiente). E no sentido ontológico de habitar o próprio infinito, pois a geometria nos fornece a própria forma para concebermos a ideia positiva de um absolutamente infinito em que necessariamente somos e tomamos parte.
O artigo procura considerar a fecundidade da ideia de arte e da própria criação artística no interior da prática filosófica de Marilena Chaui a partir de quatro pontos: i - a defesa de uma estética que não seja meramente pautada pelo julgamento de gosto e pela experiência do belo, mas por relações ativas entre arte, vida, crítica e engajamento social; ii - um parêntese de uma história pessoal que entrelaça política, ensino e literatura; iii - uma análise da escrita não apenas filosófica, mas literária da autora, em uma comparação à própria escrita de Espinosa; iv - a importância da voz e da criação no ensino de filosofia de Chaui.
A partir de um dos primeiros textos publicados por Marilena Chaui, o “Terceira margem. Notas para um rodapé selvagem” de 1976, que inaugura a sua reflexão acerca do estatuto político das mulheres e, ao mesmo tempo, amadurece suas primeiras ideias acerca do que viria constituir o Nervura do real (sua principal obra sobre Espinosa), o nosso ensaio se pergunta acerca da possibilidade de um feminismo espinosano operando na obra de Chaui. Para tanto, procuramos dar conta de como o referido texto de 1976 aborda a aparente hipótese da rejeição da participação das mulheres na democracia no Tratado político de 1677 de Espinosa, sendo esta rejeição um problema enfrentado pelas principais feministas contemporâneas que recorrem à filosofia de Espinosa para fundamentar suas ideias e lutas. Levando em conta esta última consideração e o fato de que no Brasil ainda sejam raras as aproximações entre feminismo e Espinosa (algo diferente do que acontece internacionalmente), o nosso ensaio apresenta um apêndice contendo o mapeamento das principais obras, autoras e linhas do que contemporaneamente vem a ser chamado de feminismo espinosano.
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