Editorial da Proa: Revista de Antropologia e Arte, v. 11, nº 2, 2021.
Este artigo tem como objetivo analisar declarações bifóbicas, isto é, negativas à bissexualidade e a indivíduos bissexuais, em dois espaços de cibersociabilidade homossexual: o fórum Pan e uma publicação da página Resistência Gay no site Facebook, ambos acessados majoritariamente por homens gays cisgêneros. Para tanto, foi utilizado o método da etnografia virtual; as discussões entre os jovens homossexuais destacam a negação da existência da bissexualidade, a associação dos bissexuais com a contaminação do HIV, com um conjunto de comportamentos imorais e com uma tendência aos privilégios heterossexuais. Os resultados aproximam-se da enumeração de “estratégias do apagamento bissexual” proposta por Kenji Yoshino (2000).
A Proa: Revista de Antropologia e Arte foi criada em 2008 por estudantes do Departamento de Antropologia da Unicamp, a partir do GESTAA (Grupo de Estudos de Antropologia e Arte), iniciativa discente do mesmo ano (TRALDI et al., 2019). Seu primeiro número foi publicado em 2009 e, desde então, muita coisa tem mudado de forma constante e surpreendente. Mesmo com o fim do grupo original e o desligamento dos fundadores da revista, a Proa teve continuidade nas gerações seguintes de estudantes do departamento, com uma rotatividade característica dos periódicos discentes.
Temos o prazer de apresentar mais uma edição do Prêmio Mariza Corrêa de Antropologia Visual 2021. A premiação é uma iniciativa dos alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Unicamp, em uma parceria entre dois projetos do corpo discente do programa que é realizada desde 2017: As Jornadas de Antropologia John Monteiro e a Proa: Revista de Antropologia e Arte. As Jornadas, agora em sua décima edição, são um evento realizado anualmente pelos alunos ingressantes do PPGAS desde o ano de 2011, que tem promovido a comunicação entre as pesquisas de estudantes de diversas instituições, debates sobre a história e os novos horizontes da antropologia, com atenção para temas sociais e suas implicações éticas, teóricas e metodológicas para o ofício antropológico. A Proa, por sua vez, é uma revista científica de periodicidade semestral e formato digital que foi criada por discentes do PPGAS em 2009. Tem se empenhado na publicação e nos debates da antropologia visual, mas também das interfaces entre antropologia e arte e da história da antropologia no Brasil e, em especial, na Unicamp.
Este ensaio propõe uma conexão entre presente e passado através de uma etnografia realizada na comunidade ribeirinha de Igarapé Grande, nos anos de 2017 e 2018. Igarapé Grande está situada às margens do igarapé Bravo, no interior da ilha de João Pilatos, em Ananindeua, região metropolitana de Belém (Pará). Essa ilha, bem como as suas vizinhas, é pouco conhecida pela população da região metropolitana em território continental, a despeito da riqueza de suas histórias e costumes. Dentre eles, um em particular revela os usos e as significações dos espaços da ilha e da comunidade: o Círio de Nossa Senhora da Conceição, uma romaria criada em 1986 por Raimundo Nonato Ferreira Pantoja. O evento atravessa as florestas da ilha em uma trilha no segundo domingo de dezembro. São as fotografias de Raimundo Pantoja que servem de ponto de partida para este ensaio, como registros pessoais das edições do evento entre as décadas de 1980 e 1990. Seus registros expõem a intenção de explorar referenciais basilares da identidade dos ilhéus por meio de sua religiosidade. Assim, o rio, o trapiche, a trilha e a memória das famílias tornam-se o roteiro da procissão. Logo em seguida, reencontramos o Círio de Igarapé Grande em 2017 através do olhar etnográfico. Chegamos no porto da comunidade, nos deparamos com a Capela de Nossa Senhora da Conceição e as primeiras paisagens no caminho rumo à trilha percorrida pelos devotos. Novamente, os espaços estão sendo explorados de maneira a revelar a cosmovisão dos moradores.
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