IntroduçãoCiclos. Etapas. Momentos. Fases. Níveis. Está-gios. Períodos. Idades. Estes substantivos, apesar das diferenças que guardam entre si, contêm e auxiliam na construção da idéia de vida segmentada, aspecto que consiste em um ponto de articulação comum entre eles. Remetem e reforçam a tese de que é possível, valendo-se de recursos variados, reconhecer aspectos comuns nas diferentes partes da cronologia da vida. É, portanto, no interior dessa crença que a idéia de infân-cia vem sendo formulada e reproduzida, acoplando-se a ela a criação e reordenação de instituições que passaram a ser estreitamente vinculadas à etapa "mais tenra da vida", como diria Fénelon, no final do século XVII.Nesse sentido, caberia indagar: o que há de mais homogêneo nessa "primeira idade" da vida? Responder a essa questão supõe estar atento para os critérios empregados na identificação dos seus traços comuns. Ariès, em seu conhecido trabalho História social da criança e da família, chama a atenção para os elementos da fantasia, tradição e exatidão que envolvem a inscrição de um novo ser no mundo civil. Fantasia na escolha do nome. Tradição no sobrenome. E exatidão na definição das idades. Exatidão que convive, segundo ele, com a heterogeneidade dos critérios adotados para descrever/compreender o desenvolvimento humano. Assim, a vida já foi repartida de acordo com o número de planetas, signos do zodíaco, ou mesmo meses do ano. Repartição e terminologia que nos parecem estranhas, mas que à época traduziam noções partilhadas pelos representantes da "ciência", correspondendo igualmente a um sentimento popular e comum da vida (Ariès, 1981, p. 38).Com a popularização das "idades da vida" indicadas pela iconografia e outras fontes consultadas por Ariès, estas passaram a ser associadas não apenas a etapas biológicas, mas também às funções sociais.
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