Este texto procura analisar questões referentes às principais tensões a serem resolvidas pela educação, objetivando dar clareza à temática da diversidade cultural. Discutimos neste espaço o contexto do surgimento de conceitos como o de diversidade cultural, pluralismo, multiculturalismo, interculturalidade, identidade, entre outros. Baseamos este estudo em pesquisas realizadas por professores da Área de Políticas Públicas da Universidade Estadual de Maringá, que analisam aspectos importantes a respeito da história da educação brasileira, em especial documentos de organismos internacionais como a Unesco.
O presente artigo tem por objetivo apontar avanços e desafios da relação entre Movimento Social e Estado, na disputa pela formulação de políticas públicas para a Educação do Campo. Essa pesquisa documental considera especialmente as práticas educativas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra-MST, no âmbito do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária-PRONERA, além das elaborações da Articulação Nacional por uma Educação do Campo. Parte-se da relação (contraditória) entre direitos e políticas públicas, para situar o MST, suas práticas educativas e o movimento de Educação do Campo em relação às formas de participação política estimuladas pelo projeto neoliberal.
RESUMOEvidenciamos neste debate sobre a formação do educador camponês brasileiro, a territorialização do saber com o espaço urbano predominando na produção e socialização de conteúdos ofi ciais sobre o rural. Atuando na formação docente, constatamos a não inclusão de conteúdos, temáticas, pesquisas e estudos nos cursos de licenciaturas sobre a vida no campo como diversidade cultural na compreensão das particularidades dessa formação. A Educação do Campo envolve os assalariados rurais temporários, posseiros, meeiros, arrendatários, acampados, assentados, reassentados, atingidos por barragens, agricultores familiares, vileiros rurais, povos da fl oresta, indígenas, ilhéus, quilombolas, pescadores, ribeirinhos e outros, que retratam a diversidade sócio-cultural. Nessa perspectiva, o projeto educacional que abrange a formação de educadores e educadoras do campo foge à lógica formal do mercado capital, forjando práticas coletivas na mística da esperança de ocupação do campo (zona rural) e do campo educacional como utopia a ser realizada. Essa ausência de projeto político de formação, como observamos, não é um fato isolado. É estruturalmente compreensível, dada à conjuntura política e econômica da sociedade brasileira e mundial no início do século XXI. A racionalidade técnica que se sobrepõe no sistema educacional formador é refl exo da hegemonia na atual sociedade, reduzindo os problemas éticos, sociais e políticos em problemas técnicos.Palavras-chave: Políticas públicas. Educação do campo. Formação docente.
A partir de 1990, no âmbito das Nações Unidas, foram realizados eventos cuja tônica foi a Educação e a Formação de Professores. Derivaram de cada um dos eventos documentos que estabeleceram políticas que tratavam da Formação de Professores. Pareceu-nos significativo captar e analisar, nos documentos gerados pela UNESCO, conteúdos que apontaram para políticas de governo que corporificaram, nos seus discursos, elementos para a Formação de Professores. Nesse sentido, apreender as influências da organização vinculada à ONU, denominada UNESCO, sobre as propostas de Formação de Professores no e do Campo foi o desafio que empreendemos. Nessa perspectiva, a pesquisa vinculada ao Projeto: Em Busca de Uma Política de Formação de professores no Brasil – orientações da UNESCO 1990, examinou as políticas de Formação de Professores para a Educação no e do Campo contidas nas orientações da UNESCO para o Brasil, na década da educação (1997 – 2007). A relevância do estudo da problemática desvelou que, na Formação de Professores para a Educação no e do Campo, houve ruptura entre os objetivos declarados e a prática realizada. A educação no e do campo é timidamente tratada, muitas vezes apresentada como “rural” ou “de zonas mais afastadas” e ainda “lugares de difícil acesso”, incidindo nas políticas de Formação de Professores no Brasil.
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