Para além de uma explicação que se apóie na racionalidade da reprodução do capital, este artigo objetiva discutir a persistência da escravidão por dívidas no Brasil republicano como o resultado de nossa cultura política que destitui o trabalhador rural de direitos sociais e não lhe reconhece o estatuto de cidadão. Ao analisar as formas de trabalho coercitivo, dominantes na indústria extrativa da erva-mate em Mato Grosso na primeira metade do século XX, pode-se perceber que a escravidão por dívida atua como uma estratégia de manutenção da mão-de-obra em condições de trabalho insalubres e que proporcionam péssimas condições de vida. Ao mesmo tempo, ao escolher analisar a história dos ervais sul mato-grossenses objetivou-se proporciona ao leitor a visibilidade para compreender a escravidão por dívidas em todo o país.
Este trabalho objetiva discutir a intrínseca relação entre as manifestações performáticas da cultura popular e o processo de gentrificação do Bairro do Recife, tendo como ponto central as políticas públicas que envolveram o Carnaval, e em especial os maracatus-nação, no período de 1995 a 2015.
Entrevistando o Sr. ZezinhoAlto de Santa Izabel, zona norte da cidade do Recife. Entre as décadas de 1930 e 1980, o bairro foi sede do maracatu Cambinda Estrela, primeiro como maracatu de orquestra, para nos anos sessenta virar o baque e se tornar maracatu-nação. Lá ainda vivem antigos brincantes, a exemplo de D. Leinha, Aprígio e Givanildo, que em momentos diferentes desfilaram no maracatu. O Sr. José Amaro de Souza Filho foi caboclo de lança do maracatu, quando ainda era "garotote", e ainda hoje reside no bairro, tendo se tornado um afamado pai de santo. No entanto, é mais conhecido como "seu" Zezinho, ou como ele gosta de se referir, Zezinho de Zé Vieira, que foi seu mestre de coco, com quem aprendeu a arte da rima e do desafio.Entrevistamos o Sr. Zezinho quando nos propusemos a fazer uma história do Maracatu Nação Cambinda Estrela, que em 2005 completou 70 anos. No carnaval desse ano o Cambinda Estrela (que atualmente encontra-se sediado no bairro de Chão de Estrelas, também zona norte da cidade do Recife) promoveu um desfile pelas ruas do Alto de Santa Isabel, e antigos brincantes puderam rememorar os tempos em que o maracatu
Euclides da Cunha, quando se referia aos sertanejos, que observou em luta contra as tropas do governo em Canudos, afirmava que eram antes de tudo fortes, mas também “expatriados dentro da própria pátria”. Referia-se não só ao seu próprio estranhamento diante daquele outro homem, tão diferente do civilizado do litoral, mas também ao secular processo de exclusão social dos homens livres pobres por todo o interior do país, não só dos processos de decisão política, mas também da exclusão à terra, ao trabalho que garante a mais elementar sobrevivência, à condição de cidadão. [...]
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