Primeiramente, objetiva-se reapresentar o caráter central da visibilidade, contida na percepção e no estudo das paisagens em geral, e das turísticas, em particular. Secundariamente, objetiva-se contrapor distintos paradigmas, o do olhar e o da performance, para demonstrar a relativa migração do primeiro para o segundo, em estudos da paisagem no/pelo Turismo. Para tal, recorre-se a uma revisão da literatura, especialmente Anglo-saxã, atinente ao Turismo e à Geografia Humanista-Cultural. Busca-se redimensionar o conhecimento referente a essas questões, pelo menos no modo como a problemática vem sendo encaminhada pela Geografia e pelo Turismo no Brasil. Baseando-se no paradigma do olhar turístico (gazing), considera-se que o sentido da visão não está dissociado dos demais, e não está afastado das práticas corporificadas (performing). Questiona-se até que ponto os dois paradigmas (gazing e performing) são de fato antagônicos, ou se dialogicamente se complementam no estudo das paisagens no Turismo. Ainda, cogita-se que as performances turísticas sejam o elo entre o olhar e as práticas, abordagens por vezes alijadas. Por fim, preconiza-se que metodologias apoiadas no uso da fotografia podem ser um modo privilegiado de estudar visualmente as paisagens, e também os aspectos performáticos do turismo.
A paisagem é um dos principais modos pelos quais a Geografia se relaciona ao saber e ao fazer turístico. Empiricamente, têm-se o contexto da Lagoa Mirim, território compartilhado entre Brasil e o Uruguai. O objetivo geral desta pesquisa é analisar os sítios de encontro da Lagoa Mirim como partes do todo que é objeto em questão, em termos turísticos e paisagísticos. Dessa, que é a maior lagoa dos países mencionados, são eleitos três recortes espaciais, que possuem semelhanças e diferenças entre si, como arranjos e sítios turísticos: Praia da Vila da Capilha, Rio Grande e Porto de Santa Vitória do Palmar (Brasil), e Balneário de Lago Merín, Cerro Largo (Uruguai). O trabalho é ancorado no paradigma da Complexidade em Morin (2011, 2015), segue a metodologia das pesquisas bibliográficas e documentais. Discorre sobre conceitos de paisagem, turismo e performances, recorrendo a literatura estrangeira anglo-saxã, da Geografia Humanista-Cultural. Cada local é considerado sítio de encontros entre sujeitos-turistas e as paisagens, que possuem suas peculiaridades, ao mesmo tempo em que se complementam como partes. A Lagoa Mirim é distinguida como objetos geográfico e semiótico de conhecimento. Ao final, derivam novos questionamentos a serem respondidos em pesquisas futuras.
A Lagoa Mirim é o maior corpo hídrico do seu gênero no Brasil e no Uruguai, cujo talvegue vem lhe servindo de limite internacional. O objetivo geral foi identificar e analisar práticas turísticas que ocorrem nos sítios estudados, durante o veraneio 2019-2020. O estudo de caso múltiplo compreende documentação, observação direta e entrevistas semipadronizadas, até atingir saturação teórica, seguida de análise qualitativa de conteúdo e triangulação. Os sítios do recorte de estudo são a Praia da Vila da Capilha (Brasil) – localidade histórica no entorno da Estação Ecológica do Taim – o Balneário de Lago Merín (Uruguai) – construído com essa finalidade – e o Porto Pindorama (Brasil) – desativado como terminal. Cada um desses arranjos forja à sua maneira trajetórias de (des)encontro com paisagens e práticas do turismo e/ou lazer. O turismo e o lazer têm-se constituído provisoriamente como um dos usos territoriais nessa área, calcado em paisagens lacustres e práticas sazonais, que envolvem olhar e performar. As práticas observadas e mapeadas são mais vastas que as documentadas e enunciadas. Tais práticas vão além da representação, embora elas não sejam dissociadas no todo da experiência turística lacustre, de que a apreciação das paisagens é parte.
A experiência turística da paisagem é marcadamente estética. A fotografia dos turistas é, também, prática geográfica. O objetivo desse artigo é analisar como funcionam esteticamente fotografias de paisagens da Lagoa Mirim (Brasil/Uruguai), clicadas de 2000 a 2018, e disponibilizadas no repositório Flickr®. Como objetivos específicos, descrevemos os documentos em análise e caracterizamos os sítios estudados: Praia/Vila da Capilha e Porto de Santa Vitória, no Brasil; e Balneário de Lago Merín, no Uruguai. Na interface entre Turismo e Geografia, estabelecemos um estado do conhecimento dos temas em questão. Analisamos o conteúdo de 65 fotografias e das legendas disponíveis. Do estudo da Lagoa Mirim como objeto geográfico, identificamos como principais conotações estéticas de sua paisagem turística: a dominância romântica do pitoresco e do melancólico; a relevância do pôr do sol no “lado” brasileiro; uma vacationscape de balneário em Lago Merín; e a recorrência de temas de aventura na Capilha. Encontramos, ainda, algumas ambiguidades entre o pitoresco e o sublime. Nosso intuito é oferecer ferramental teórico-metodológica para estudo de paisagens turísticas por meio de fotografias.
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