Analisa-se a articulação entre Atenção Primária à Saúde (APS) e os diferentes pontos de atenção para controle do câncer do colo do útero (CCU). Trata-se de estudo qualitativo, com dados produzidos em dez grupos focais (70 participantes – enfermeiros e agentes comunitários em saúde) e 12 entrevistas semiestruturadas (seis gestores e seis ginecologistas). Os resultados foram agrupados em três eixos: detecção precoce e controle do CCU na APS; acesso à confirmação diagnóstica; e acesso ao tratamento do CCU e ao transporte sanitário. Os resultados indicam problemas desde o rastreamento (falhas na coleta do Papanicolaou e/ou na leitura das lâminas no laboratório, baixo envolvimento de médicos da APS, ausência de coordenação do cuidado entre níveis) até o tratamento do CCU (barreiras de acesso aos serviços especializados, fragmentação entre os serviços, atraso no tratamento). Entre os achados animadores, destacam-se a prática clínica e o vínculo do enfermeiro com as mulheres durante exame de Papanicolaou e a alta cobertura do exame na APS. Como recomendações apontam-se realização permanente de educação em serviço para ampliar a prática clínica do/a enfermeiro/a e maior envolvimento de médicos, bem como estreitar as relações entre especialistas e profissionais da APS para viabilizar a coordenação do cuidado.
Resumo Objetivo avaliar o tempo de atuação de médicos e enfermeiros na Atenção Primária à Saúde (APS) e qualidade das ações desenvolvidas para controle do câncer cervicouterino (CC). Métodos estudo transversal, conduzido de janeiro a março de 2019 em região de saúde compreendida em 19 municípios localizada no estado da Bahia, Brasil. A amostra foi de 241 médicos e enfermeiros da APS. Utilizou-se a linha de cuidado do CC como condição traçadora. Elegeram-se o desfecho tempo de atuação na APS no mesmo município, categorizado em < 2 anos e ≥ 2 anos, e indicadores representativos da qualidade da APS. Os testes χ2 de Pearson e exato de Fisher foram empregados. Resultados a prevalência de tempo de atuação na APS foi 43,57% (IC95%: 37,40%; 49,94%) para < 2 anos e 56,43% (IC95%: 50,06%; 62,60%) para ≥ 2 anos. Observaram-se maiores prevalências, com diferença estatística significativa, dos indicadores de qualidade para o maior tempo de atuação. Conclusões e implicações para a prática a rotatividade profissional parece afetar o cuidado longitudinal de mulheres na linha de cuidado eleita. Sugere-se a ampliação do número e do papel dos enfermeiros, especialmente nos serviços de APS, para maior resolutividade e eficiência do sistema de saúde.
Introdução: As Diretorias Regionais de Saúde (Dires) tinham a função de desconcentrar as responsabilidades administrativas da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia, além da incumbência de apoio à gestão da saúde junto aos municípios nas regiões de saúde. Em 2014, com a reforma administrativa na Bahia, as Dires foram extintas e criados os Núcleos Regionais de Saúde (NRS). Método: Trata-se de pesquisa qualitativa que analisou as mudanças ocorridas no processo de regionalização posterior à mudança das Dires em NRS. Resultados: tratou-se de decisão mais burocrática que técnica, abrupta e sem participação dos trabalhadores. A mudança trouxe grande sobrecarga a equipe de profissionais do NRS, o que prejudicou o andamento das atividades e projetos antes desenvolvidos pelas Dires. Conclusão: Permaneceram as antigas estruturas, mas com outros nomes. Houve aprofundamento das precárias estruturas de trabalho e o comprometimento da capacidade das “novas” instâncias em desenvolverem ações na direção do fortalecimento da regionalização, contradizendo a lógica de organização do Sistema Único de Saúde.
Trata-se de uma reflexão teórico-filosófica com o objetivo de compreender as políticas públicas de saúde para as mulheres implementadas no Brasil, a partir do conceito de Biopoder de Michel Foucault. Este autor considera que as intervenções sobre a saúde da população refletem fundamentalmente uma relação de poder sobre a vida, a partir da migração do poder disciplinar, que se dirige ao homem-corpo, para o biopoder, que se dirige ao homem-espécie. No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, entretanto, em que pesem os avanços alcançados até o momento atual, ainda observam-se diversas lacunas relativas ao cuidado em saúde da mulher. Nesse contexto, as contribuições de Foucault, servem como ferramenta para compreender o processo de normalização da saúde da mulher no país, mediante a implementação de políticas públicas que estabeleceram mecanismos reguladores dos fenômenos coletivos, porém que nem sempre atendem às suas reais necessidades de cuidado.Palavras-chave: biopoder, equidade, integralidade do cuidado, saúde da mulher.
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