O estatuto da lateral /l/ em português europeu (PE), bem como a forma como este segmento é adquirido pelas crianças portuguesas, tem sido assunto de interesse para investigadores e clínicos, nos últimos tempos. Este trabalho tem como principais objetivos apresentar dados de produção infantil extraídos do corpus Ramalho-EP (taxas de sucesso e estratégias de reconstrução mais produtivas) e refletir, à luz da teoria fonológica e de dados de aquisição já disponíveis para o PE, sobre as várias propostas teóricas para a representação de /l/ neste sistema. Os resultados registam aquisição dependente da complexidade da estrutura silábica (foi registada a tendência de aquisição Ataque simples >> Coda >> Ataque ramificado), embora /l/ não se encontre adquirido em nenhum dos constituintes silábicos, registando-se taxas de acerto inferiores a 76%. As produções preferenciais [w, ʋ] para o alvo /l/ são interpretadas como um indicador do processamento da lateral alveolar como [+contínuo], tal como proposto por Mateus e Andrade (2000) e contra Amorim e Veloso (2021). Paralelamente, estas variantes e a aquisição tardia de /l/ argumentam empiricamente a favor do traço [+aproximante] para a representação fonológica da lateral em PE, que substitui [+lateral] na proposta de Amorim e Veloso (2021).
Em português europeu, existem três sistemas de sibilantes: /s z s°° z°/, /s z/ e /s°° z°/. Neste artigo, analisa-se a escrita de crianças com desenvolvimento típico do segundo ano de Lisboa, Bragança, Canas de Senhorim e Mondim de Basto, que evidencia a existência de diferenças consideráveis no conhecimento fonológico das crianças observadas. Os resultados obtidos revelam uma taxa de sucesso decrescente na escrita das crianças: Mondim de Basto >> Bragança >> Canas de Senhorim >> Lisboa, como reflexo da menor opacidade da ortografia do português para as crianças do Norte. Canas de Senhorim, na zona de confluência dos dialetos setentrionais e centro-meridionais, apresenta valores intermédios face às restantes localidades na escrita dos segmentos sibilantes. Para além de ser necessário para ajustar o ensino em cada região, o estudo da escrita de diversas regiões dialetais traz contributos relevantes para o estudo (socio)linguístico do português.
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