Uma das grandes conquistas da luta antirracial no Brasil reside na promulgação da Lei 10.639/03, a qual estabelece que, a partir de então, passa a ser obrigatória a inclusão do estudo da História da África e dos Africanos nos estabelecimentos de Ensino Fundamental ou Médio, sejam privados ou públicos, bem como o ensino da Cultura Afro-Brasileira. Diante disso, os professores são incentivados a ensinar por meio de pesquisas teóricas e práticas que se contraponham à vertente eurocêntrica da história tratada nas escolas como única e soberana. Os recursos para tal consistem em materiais e projetos pedagógicos, os quais incluem o uso da literatura. Quer-se aqui destacar esta última, enquanto manifestação artística, que, além de sua função estética, utiliza a língua como um instrumento de comunicação e interação, de difusão da cultura e democratização do conhecimento. Deste modo, constituindo-se como material didático ou paradidático utilizado na educação para a abordagem de um tema. Entretanto, não são raros nas bibliotecas escolares os livros que reproduzem caracterizações exacerbadas, que limitam sociedades a certos costumes, ou disfarçam-se de histórias genuinamente africanas, de modo a apresentar aos leitores um continente de maneira estereotipada e generalizada. É neste sentido que o presente artigo busca discutir o uso da literatura como recurso para o ensino da História da África e suas culturas, nas quais encontram-se origens de grande parte da população brasileira, destacando-se, por meio de exemplos, a alternativa de privilegiar narrativas produzidas por autores africanos.
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