O artigo discute a Educação do Campo como política curricular nas ‘amazônias’, discutindo-a não somente como território que se encerra na geografia do país, mas no campo complexo, híbrido, conflituoso, com demandas e disputas em jogo. Objetivamos compreender as apostas e investimentos que os docentes fazem nas traduções e produção contextual das políticas de Educação do Campo em tempos de centralização curricular. Com base em Laclau e Mouffe (2015), analisamos os sentidos das políticas, dos currículos, da Educação do Campo, nas políticas curriculares, seus territórios, os conflitos e suas formas de re(existir) à tentativa de centralização curricular expressas por uma BNCC. Os resultados apontam que, os discursos de qualidade fundamentam uma base universalizante, a BNCC, esta que intenta sobre a demarcação de limites para a manifestação das diferenças nos currículos das escolas do campo.
O artigo focaliza o debate sobre a teoria curricular e a política curricular nas atuais reformas e políticas educacionais, argumentando que tais políticas intentam sobre o controle do outro e na tentativa de dar uma resposta ao que é lido como conhecimento “faltoso” busca definir conhecimentos centralizados, excluindo as diferenças das políticas e dos currículos. A partir de um estudo e de revisão teórica, discutimos à luz da Teoria do Discurso e das contribuições do pensamento de Derrida, os processos contingentes de subjetivação das políticas, a tradução que impede o controle do conhecimento, dos currículos, da formação, da decisão e do sujeito. Concluímos, provisoriamente que, o conflito em torno do pensamento curricular e das teorias, bem como a disputa pelo poder de decidir o que deve ser ensinado e aprendido, tem marcado a tentativa de fixar nas políticas e nos currículos para a escola do campo projetos de formação que tentam controlar a formação desses povos e produzir sujeitos universais, desconsiderando os processos de diferir e as diferenças. Nesse sentido, defendemos a ideia de teoria e de política comprometida e marcada pelo comprometimento ético-político com a alteridade e com a desconstrução. Apostamos em uma teoria e política negociada e produzida nas ambivalências e contingências provocadas pelos processos de diferir, comprometidas com a alteridade na desconstrução de normatividades, da BNCC.
O presente artigo apresenta um ensaio crítico sobre a importância da Teoria do Discurso para análise de políticas para a Educação do Campo a partir da corrente teórica pós-estruturalista. Esta pesquisa de cunho bibliográfico, nasce a partir do Estado do Conhecimento realizado na ANPEd, ao constatarmos que as análises em Políticas Educacionais para a Educação do Campo, em seu contexto micro e macro, são escassas nestes espaços de propagação de pesquisas ocupando o lugar das ausências. No entanto, apresentamos ao longo do texto o pós-estruturalismo como uma teoria analítica para as Políticas Públicas de Educação do Campo, esta teoria que não se constitui como um movimento ou como um conjunto de fundamentos epistemológicos que buscam identificar estruturas universais. Para tanto, realizamos uma pesquisa documental e bibliográfica, nos baseando principalmente nos estudos de Rodrigues e Mendonça (2008), Lopes (2013), Cunha (2013), entre outros autores, destacando que as políticas para a educação do Campo são consideradas neste texto enquanto discurso, o que nos direciona e nos propõe fazer uma reflexão sobre a linguagem, o sujeito e a história. Por fim, situamos o pós-estruturalismo na perspectiva de Laclau (1993) e abordamos sua crítica ao marxismo para compreendermos a importância de analisar políticas no contexto microssocial e macrossocial a partir da Teoria do Discurso, apontando o pós-estruturalismo como uma teoria que possibilita uma análise mais refinada e pertinente dos múltiplos antagonismos sociais possíveis considerando a infinidade de identidades existentes no social.
Este artigo discute sobre os contextos discursivos que norteiam as políticas de currículo para a Educação do Campo no município de Brejo da Madre de Deus – PE. Com base em Laclau e Mouffe (2015), analisamos os sentidos das políticas, dos currículos, da Educação do Campo, nos discursos dos docentes, buscando compreender quais são as invenções e/ ou investimentos que os docentes fazem a partir dos processos de traduções das políticas. Para tanto, realizou-se entrevistas com docentes de três escolas, de modo a entender os sentidos nas negociações e nos processos de tradução das políticas no contexto da prática. Os resultados revelam que os sentidos da Educação do Campo são instituídos a partir das demandas e dos investimentos radicais que os docentes fazem nas disputas por hegemonias nos currículos das escolas do campo.
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