Aprender a ler e a escrever constituem desafios não só para as crianças, mas também para os agenteseducativos que acompanham este processo. Identificar e promover as condições que facilitam umpercurso de sucesso são preocupações centrais da comunidade escolar e científica. Este estudoprocurou analisar em que medida as competências de literacia emergente, avaliadas na educação pré-escolar, predizem o desempenho em leitura e escrita no final do 1.º CEB. Participaram no estudo 117alunos do concelho de Matosinhos que frequentavam o 4.º ano de escolaridade e que tinham sidopreviamente avaliados na educação pré-escolar. Foram realizadas análises de regressão múltipla queevidenciam que as competências de literacia emergente avaliadas explicam cerca de 20% da variânciados resultados no domínio da leitura e da escrita no final do 1.ºCEB. Estes resultados impelem a umareflexão sobre a relevância da identificação precoce de crianças em risco de insucesso e de umaintervenção atempada nos primeiros anos de escolaridade.
Os percursos de aprendizagem formal da leitura são heterogéneos, devendo as dificuldades encontradas serem consideradas transitórias e passíveis de intervenção. No projeto “A Ler Vamos...” e “L.E.R. Cãofiante” esta concetualização das dificuldades dos alunos encontradas nos primeiros anos de escolaridade tem orientado a criação de estratégias de intervenção sistemáticas e baseadas cientificamente. Participaram no estudo 39 alunos do 2º ano de escolaridade dos concelhos de Matosinhos e de Silves, identificados como apresentando dificuldades na aprendizagem da leitura. Os alunos distribuíram-se por dois grupos experimentais e um grupo de controlo, existindo equivalência nos seus desempenhos antes do início da intervenção. Os alunos pertencentes ao grupo experimental beneficiaram de uma intervenção bissemanal de promoção de competências de consciência fonológica, descodificação leitora e fluência na leitura, sendo esta ação complementada com 15 minutos/sessão com recurso ao software Graphogame Português Alicerce. Esta intervenção decorreu entre novembro de 2016 e maio de 2017. A eficácia da intervenção foi avaliada através de um design com duas medidas repetidas no tempo e o fator grupo (recorrendo a anovas mistas). A análise dos resultados permite constatar a eficácia da intervenção. Para além dos resultados quantitativos obtidos, verificou-se que alguns dos alunos envolvidos nos grupos experimentais obtiveram uma evolução muito significativa, igualando os desempenhos médios das suas turmas, ao longo do ano letivo. Este estudo permite validar a intervenção realizada nos concelhos de Matosinhos e Silves, conjugando a construção de estratégias consideradas eficazes na promoção de competências basilares da leitura com as novas tecnologias. Neste artigo serão tecidas considerações sobre a concetualização subjacente à intervenção, bem como sobre as atividades realizadas e a possibilidade de generalização destas intervenções baseadas cientificamente.
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