Resumo O artigo apresenta os resultados de um estudo cujo objetivo foi analisar o uso do tempo livre por adolescentes de classe popular. A análise da forma como os adolescentes gerenciam seu tempo livre poderá fornecer dados para intervenção psicoeducativa e promoção do desenvolvimento e da saúde desta população. Foram 159 adolescentes que responderam ao instrumento, sendo 85 do sexo feminino e 75 do masculino. Com os dados coletados foi possível caracterizar o uso do tempo livre e traçar comparativos entre as diferentes faixas etárias e gênero. Evidenciou-se, através da pesquisa, a predominância de atividades não estruturadas, como assistir à televisão e ir para a rua, bem como a dificuldade de acesso ao lazer e a atividades culturais e esportivas por parte desses adolescentes, o que pode se configurar, pela literatura pesquisada, como um indicativo de vulnerabilidade com relação a situações de risco. Palavras-chave: Adolescência; lazer; tempo-livre; saúde.
AbstractThe article presents the results of a research that analyzes free time usage by lower class teenagers. The analysis on how teenagers manage their free time can supply data for the development of psychoeducative intervention and the promotion of this population's health. There were 159 teenagers who answered the instrument, in which 85 were females and 75 were males. The data collected made it possible to characterize free time usage and to trace comparisons between different age groups and genders. The results show that non-organized activities predominate, such as watching television and being on the streets, as well as the difficulty to access leisure and cultural and sport activities by these teenagers, what may become, according to the literature researched, an indicative of vulnerability with regard to risk situations. Keywords: Adolescence; free time; leisure; health.O Brasil é um país com um contingente extraordinário de crianças e jovens. Aproximadamente 47% da população brasileira tinha até 24 anos em 1999, segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (Frigotto, 2004). É esse, justamente, um dos segmentos mais desfavorecidos da população, em que se encontram as maiores vítimas da violência urbana, do tráfico de drogas, da prostituição, do trabalho infantil e do trabalho quase forçado, configurando, assim, sua inserção profundamente precária em nossa sociedade (Pochmann, 2004).Entre as diversas carências observadas em relação a essa população encontra-se a falta de acesso às atividades de lazer e cultura. Conforme o Fundo das Nações Unidas para a Infância ([Unicef], 2002), no Brasil somente 24% dos jovens têm possibilidade de participar de alguma atividade artístico-cultural fora da escola, indicando que os adolescentes brasileiros não têm acesso facilitado aos recursos que oferecem atividades recreativas e culturais, embora a criação desses espaços tenha forte impacto na redução da violência em comunidades urbanas localizadas nos cinturões de pobreza. A pesquisa "A voz do adolescente", do Unicef, revela que dos 5280 adolescen...