Eixo Temático: Atenção Básica Introdução: A dor crónica não oncológica é considerada um problema de saúde pública que afeta 20 a 35% da população mundial. Os portadores de dor crónica apresentam a maior taxa de morbilidade a nível global, quando avaliada através dos anos de vida ajustados por incapacidade. O tratamento da dor é descrito como um dos direitos humanos fundamentais, sendo a gestão da dor uma premissa fundamental para a concretização do mesmo. Verificou-se que a grande maioria destes serviços foi considerado como não urgente e não emergente, sendo as consultas de acompanhamento e as intervenções médicas adiadas ou desmarcadas. Objetivo: O objetivo deste trabalho é avaliar o impacto da pandemia COVID-19 na dor de pessoas idosas em quatro vertentes: i) intensidade, tratamento e gestão da dor; ii) saúde mental; iii) estilos de vida; iv) qualidade de vida. Métodos: Realizou-se uma revisão, recorrendo à base de dados PubMed, Scopus e SciELO usando os termos: ‘chronic non cancer pain’, ‘pain management’ ‘aged’ e ‘COVID-19’. Resultados: Foram escrutinados 86 artigos tendo sido selecionados 16 artigos. Apenas um artigo estudou isoladamente a população idosa (>65 anos). A idade-média (desvio-padrão) variou entre os 40.00 (14.00) a 81.50 (5.60) anos. A pandemia afetou a: i) dor: intensidade (n=12), tratamento (n=6) e gestão (n=3); ii) saúde mental: sintomas de stress e ansiedade/depressão (n=11), distress psicológico (n=4), isolamento social/solidão (n=7); iii) estilos de vida: atividade física (n=5), qualidade do sono (n=5) e desempenho físico (n=7) e iv) qualidade de vida (n=5). Apesar da heterogeneidade dos resultados, verificou-se: agravamento da dor e saúde mental, alteração dos estilos e qualidade de vida, disrupção dos serviços médicos, evidenciando-se assim a necessidade de uma abordagem holística e individual. As restrições impostas pela pandemia associaram-se a consequências danosas, a curto prazo, em vários domínios. O trabalho demonstrou que o impacto da pandemia na gestão da dor crónica foi pouco explorado em pessoas idosas, mormente as mais vulneráveis, com défices físicos e/ou cognitivos, residentes em instituições. A telemedicina surge como uma solução não ideal adotada. Evidencia-se que na população mais idosa, a baixa literacia digital, a falta de acesso à internet e a escassez de equipamentos tecnológicos foram alguns dos entraves que se destacaram, o que poderá ter prejudicado a tentativa de tratamento da dor crónica nestas populações em risco. Além disso, a falta de contacto físico e emocional com os profissionais de saúde, bem como a falta de acolhimento e de envolvimento relacionais, podem ter contribuído para o agravamento da intensidade da dor, colocando em risco a humanização dos cuidados médicos. Conclusões: Urge a necessidade de intervenções junto das populações idosas com dor crónica bem como investigação nesta área, contemplando os mais idosos, a análise das consequências a longo prazo da dor crónica quer numa situação pós-pandémica, quer no âmbito da COVID-longa e ainda as soluções a adotar de forma a colmatar os danos documentados. O desconhecimento do impacto específico na população idosa apela assim à necessidade urgente de avaliação e respostas adequadados. Resumo sem apresentação PALAVRAS-CHAVE: COVID-19, DOR CRONICA, GESTÃO DA DOR, IDOSOS
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