N o presente contexto de progressivo adensamento das relações internacionais do Brasil, que tem acarretado a sua crescente politização e a emergência de novos stakeholders, diversos estudos detectam uma perda, ainda que relativa, da capacidade do Itamaraty de coordenar a política externa brasileira. Contudo, se nos últimos anos a comunidade acadêmica brasileira tem se dedicado, de maneira mais sistemática, à análise do modo como o Ministério das Relações Exteriores (MRE) interage com o Poder Legislativo (Alexandre, 2006(Alexandre, , 2007Diniz e Ribeiro, 2008Ferreira, 2010; Lima, 2002; Lima e Santos, 2001; Maia e César, 2004;Neves, 2003 Neves, , 2006 e com os grupos de interesse domésticos (Carvalho, 2003;Cason e Power, 2006; Oliveira e Pfeifer, 2006;Oliveira e Onuki, 2007; Oliveira, M., 2003;Santana, 2001), na agenda de trabalho dos pesquisadores da área ainda há, claramente, uma lacuna importante, relativa à maneira como o Itamaraty procura, na produção da política exterior, articular os demais atores governamentais, que não raro têm interesses e métodos divergentes daqueles da diplomacia do país.