Neste artigo, analisamos e problematizamos dois planos de aula de Língua Portuguesa disponibilizados em plataformas virtuais voltadas para o professor. Com base na Análise de Discurso, formulada por Michel Pêcheux, apostamos na perspectiva de que o acesso a essas plataformas, dependendo do uso e das finalidades, pode produzir o efeito de apagamento do lugar de professor. Tais plataformas que disponibilizam materiais prontos, sejam planos de aula, sejam aulas prontas, constroem o perfil de “professor consumidor”: aquele que não realiza um trabalho crítico acerca deste material e que deles se vale indiscriminadamente. As análises mostram certos problemas na estruturação dos planos de aula disponibilizados, particularmente na parte metodológica das aulas.
À luz das teorizações de Benveniste sobre enunciação escrita, problematizamos e analisamos o modo como uma acadêmica do Curso de Letras: Língua Portuguesa e suas literaturas de uma instituição federal produz seus “relatos reflexivos” do Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa. Estamos considerando que, no tempo da escrita, a acadêmica, já na condição de locutora, precisa lidar com as coerções implícitas e explícitas do gênero “relato reflexivo”, que integra o gênero “relatório final”, e com as coerções da “situação de discurso”, tendo por base a contingência da sala de aula. Dessa maneira, por meio da escrita, a acadêmica (re)elabora a sua experiência no Estágio Supervisionado, dado o processo de metaforização, que se constitui a partir de três tempos que constituem a narratividade da experiência: o tempo do fato vivido, o tempo da escrita e o tempo da leitura. As análises, pautadas em recortes discursivos, mostram os pontos de dispersão da escrita da acadêmica, já que, ao relatar a experiência supostamente exitosa no Estágio Supervisionado, pontos de contradição marcam o regime enunciativo das enunciações escritas da acadêmica, deixando flagrar seu processo de identificação com certos espaços de interpretação que o regime enunciativo implica.
Neste trabalho, a partir da Análise de Discurso francesa, de orientação pecheutiana, tomamos o Livro Didático de Língua Portuguesa (LDLP) como objeto de análise e de problematização. Mais precisamente, o nosso interesse recaiu sobre o modo como os gêneros textuais anúncios publicitários foram formulados, no âmbito do LDLP, deixando entrever um “potencial de significação didática”. No entanto, há um trabalho discursivo em relação à materialidade de documentos oficiais sobre o ensino de Língua Portuguesa (LP). Esse conjunto de materialidade, que acaba por constituir as condições de produção dos LDLP, encerra uma “divisão social do trabalho da leitura,” conforme Pêcheux (2014). São basilares ainda, nesse processo, o jogo entre lugar discursivo de autor(es) e as tomadas de posição, como preconiza Grigoleto (2005). Para tanto, recorremos aos conceitos de constituição, de formulação e de circulação em Orlandi (2001), para verificar o gesto de formulação que a ele está subjacente e constitutivo. As análises mostram que o gesto de formulação do gênero textual questão está fundamentado em uma perspectiva de trabalho com a linguagem, com a língua e com a gramática, ainda, muito para se localizar e identificar informações. Não se radicaliza a perspectiva da dispersão de sentidos.
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