Filiados à análise do discurso, conforme proposto por Michel Pêcheux, pretendemos verificar as discursividades que se encontram e confrontam na exposição “Poeta dos ares, Santos Dumont”, realizada pelo Museu do Amanhã na cidade do Rio de Janeiro. Tal evento foi mobilizador de sentidos que historicamente já foram inscritos e falados em outro lugar antes e que materializaram efeitos poéticos da obra e vida do célebre inventor brasileiro, Santos Dumont. Pretendemos identificar os efeitos discursivos colocados em circulação por suas invenções – poesia, que se fez (com) corpo – e entender quais deslocamentos e desarranjos a exposição promoveu ao empreender voos até então inimagináveis para a humanidade; e, precisamente no inimaginável que nos concentramos para tratar da figura excêntrica, persistente e idealista de nosso inventor. Quais os efeitos discursivos de suas decolagens? De que maneira sua trajetória transgrediu o comum e inscreveu, com insígnia de poeta, seu nome pelos ares?
Inscrito sob a Análise do Discurso (AD) francesa, mais especificamente em Michel Pêcheux, este artigo tem por objetivo abordar um dos grandes problemas que a cultura grega antiga impôs a si mesma: seu movimento de reclusão no já inscrito, não permitindo que novos acontecimentos fossem inseridos em sua memória discursiva. A memória grega antiga se fundamentava no mito que contava sobre cinco idades para a humanidade: Ouro, Prata, Bronze, Heróis e Ferro (STEPHANIDES, 2001). Por conta de diversos acontecimentos discursivos, os gregos acreditavam que a última idade da humanidade, a de Ferro, deveria se limitar a cultuar os acontecimentos e os heróis da idade anterior: a dos Heróis (NAGY, 2013). Este movimento discursivo de manutenção de uma memória social diacrônica culminou, por um lado, no surgimento de grandes poetas, cantos líricos e de glória que fundamentam dizeres até nossos dias através de um já-dito milenar, mas, por outro lado, encerrou a possibilidade de novas inscrições na memória discursiva grega enquanto condição de produção de sentidos de um dado contexto sócio histórico. Através da metodologia de análise da própria AD, que não pressupõe uma leitura teleológica do corpus, mas sim realiza uma análise em espiral que se aprofunda tocando teoria e corpus, observaremos os efeitos da reclusão da memória discursiva grega no filme Blade Runner, de Ridley Scott.
O objetivo deste artigo é apresentar de forma introdutória as noções de errância e sedentarismo como figuras teóricas para a concepção de uma Epistemologia da Errância, tal como proposta em “Epistemologia da Errância: erro, hiância e ciência em discurso” (ALMEIDA, 2019). Este olhar epistemológico tem como foco interrogar a produção, a circulação e os efeitos dos saberes científicos na contemporaneidade para, a partir disso, propor um novo olhar e uma nova forma de escuta de saberes denegados e foracluídos dos muros acadêmicos. Neste artigo, o itinerário teórico passa por uma breve apresentação dos conceitos, mas detém-se principalmente em resgatar da historiografia os primeiros modelos de relação do ser humano com o mundo, a saber, errância, nomadismo e sedentarismo - atentando-se às peculiaridades de seus funcionamentos -, para então propor a partir deles um aparato teórico-analítico sobre a epistemologia dos saberes científicos na contemporaneidade.
ResumoIdeologia é uma palavra que serviu de matéria-prima para teóricos de muitas áreas do conhecimento, principalmente nas ciências humanas. Dentro dessas ciências, o filósofo francês Michel Pêcheux ajudou a desenvolver, foi membro do círculo, e também maior expoente do método chamado Análise do Discurso. Ele afirmava que é na ideologia que o indivíduo se torna sujeito; mas é na ideologia também que os discursos são (re)produzidos historicamente, fazendo o sentido parecer autêntico e verdadeiro. A partir dessa concepção de ideologia que nos propomos a olhar o movimento artístico construtivista russo, usado interpelar sujeitos pela máquina de propaganda do regime comunista soviético.AbstractIdeology is a word that served as raw material for theorists of many areas of knowledge, especially in the humanities. Within these sciences, the French philosopher Michel Pêcheux helped to develop, was member of the circle, and also greater exponent of the method called Discourse Analysis. He affirmed that it is in ideology that the individual becomes subject; but it is also in ideology that discourses are (re) produced historically, making sense to appear authentic and true. From this conception of ideology we set out to look at the Russian constructivist artistic movement, used to question subjects by the propaganda machine of the Soviet communist regime.
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