A partir de novembro de 2019 a Via Varejo S.A. iniciou uma investigação interna independente cuja conclusão indicou a ocorrência de fraudes e erros contábeis com impacto nos demonstrativos contábeis daquele ano de R$ 1,19 bilhão. Ao longo da investigação foram divulgadas ao mercado informações a seu respeito pela Via Varejo S.A. e sua antiga controladora – Cia Brasileira de Distribuição. O objetivo deste trabalho é, justamente, verificar a relevância dessas informações pertinentes à fraude contábil ocorrida na Via Varejo S.A. Para tanto, foi empreendido um estudo de eventos do retorno das ações das empresas envolvidas, quais sejam, as próprias Via Varejo S.A. e Cia Brasileira de Distribuição, nas datas de divulgação daquelas informações pertinentes à fraude contábil em questão. Os resultados apontam diversos retornos anormais nos ativos sob análise nas janelas de eventos, indicando a relevância da divulgação de informações relacionadas à fraude contábil ocorrida na Via Varejo S.A.. Conforme predito, nas ações da Cia Brasileira de Distribuição predominaram os retornos anormais negativos. Por outro lado, nas ações da Via Varejo S.A. predominaram os retornos anormais positivos, inobstante haver indícios de uma reação inicial incerta dos agentes de mercado. O resultado inesperado em relação ao retorno das ações da Via Varejo S.A. pode decorrer de uma interpretação do mercado no sentido de que o modo como foi desvelada a fraude contábil pela Via Varejo S.A. representa um aprimoramento de seus mecanismos de Governança Corporativa.
A partir de indícios de problemas na realização do teste de impairment de atletas pelos clubes de futebol brasileiros, este estudo analisa a evidenciação, mensuração e reconhecimento da recuperabilidade do ativo atletas nessas entidades. Por meio de uma amostra composta por 198 observações, do período entre 2013 e 2019, de 34 clubes de futebol integrantes das séries A e B do campeonato brasileiro no ano de 2019, mensura um nível de evidenciação do teste de impairment insatisfatório (44,46%), porém satisfatório em relação ao reconhecimento de perda (76,19%), nas observações em que esta ocorreu. Quanto ao nível do reconhecimento de impairment, identificou-se grande variação entre as observações pertinentes, destacando-se a importância da divulgação de informações pelos clubes para sua compreensão. A estimativa de recuperabilidade dos atletas, realizada no nível dos planteis, aponta que seu valor de registro é predominantemente recuperável, tendo apenas seis observações apresentado indícios de impairment não reconhecido. Análise complementar dos atletas isolados indica que 12 de 18 observações possuem ao menos um atleta com indícios de impairment não reconhecido. Os resultados atualizam e estendem a literatura a respeito do tema, explicando o contraste no reconhecimento de impairment entre a realidade brasileira e europeia ao indicar a inobservância da norma contábil pelos clubes de futebol brasileiros. Por outro lado, aponta que o baixo nível de reconhecimento de impairment se justifica ao ser considerado o valor dos planteis, provocando debate a respeito da norma contábil.
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