Resumo Análises da cooperação brasileira para o desenvolvimento frequentemente tomam o Ministério das Relações Exteriores e a Agência Brasileira de Cooperação como ponto de partida institucional. Contudo, pesquisas de campo realizadas pelos autores no Brasil, Angola e Moçambique sugerem ser necessário conferir maior ênfase analítica ao papel das chamadas agências executoras e das redes de políticas de que fazem parte. Com foco no setor da saúde, este artigo parte da Rede de Políticas de Saúde Pública para então analisar as ações de cooperação brasileira em Moçambique e Angola. Baseado nos processos de constituição e consolidação dessa rede, o argumento avança no sentido de que o engajamento dos agentes da rede em projetos de cooperação Sul-Sul deve ser compreendido de forma mais ampla, paralela à da extensão internacional da própria rede, elemento que pode ser verificado no portfólio de projetos brasileiros na área da saúde nos dois países africanos. Conclusões alcançadas com essa abordagem sinalizam, do ponto de vista da formulação de políticas, a necessidade de consolidação do que os cooperantes brasileiros do campo da saúde denominam cooperação estruturante. O texto defende, ainda, maior investimento em trabalhos de campo como meio para melhor compreender a articulação entre cooperantes brasileiros e seus parceiros na África lusófona.
The international system in general, and the international cooperation for development specifically, have been through important changes in the last decades. The emergence of South-South Cooperation (SSC) has become a trending topic among academics, practitioners and policy-makers. The assumption that the common problems and shared experiences of countries in the global South would make SSC more legitimate and perhaps more effective is frequently mentioned, as a former Brazilian minister of foreign affairs once said, "for every African problem there is a Brazilian solution". This paper challenges this assertion synthesizing key findings, contextual information and analysis required for understanding Brazil's engagement in Angola, within the sector of public health, from 2006 to 2015.
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