RESUMOEste estudo analisa os problemas relacionados ao uso de bebidas alcoólicas entre os Karitiana, habitantes de Rondônia. Ele é fruto de pesquisa desenvolvida no ano de 2009, intitulada "Psicologia e saúde mental entre os Karitiana". Busca-se compreender os modos de utilização de bebidas alcoólicas neste grupo, privilegiando os aspectos psicológicos envolvidos nesse processo, refletindo sobre possibilidades de atuação psicológica entre povos indígenas. Utilizou-se uma abordagem multidisciplinar com referências da psicologia, antropologia e saúde pública, considerando a dimensão psicológica integrada em um contexto histórico, social e cultural. Entre os resultados, destaca-se que os problemas relacionados à utilização de bebidas alcoólicas representaram para os Karitiana, no passado recente, um problema social, que eles denominam "tempo de bagunça". Tal contexto foi modificado a partir de estratégias específicas, promovidas por lideranças desse grupo, apontando para possibilidades de que esse tipo de atuação possa ser considerado como princípio de intervenção em saúde mental indígena.Palavras-chave: problemas relacionados ao uso de álcool; psicologia indígena; povos indígenas de Rondônia; Karitiana. ABSTRACTThis study examines the problems related to alcohol use among Karitiana population of Rondônia, reflecting on the possibilities of psychological performance among indigenous peoples. It is the result of a research achieved in 2009, entitled Psychology of mental health among the Karitiana of Porto Velho. We aim to understand the use of alcoholic beverages in this society, emphasizing the psychological aspects involved in this process. We used a multidisciplinary approach with references from psychology, anthropology and public health, considering the psychological dimension as an integrated, historical, social and wider cultural context. Over the results, we highlight the problems related to use of alcoholic drinks, which represented a real social problem to the Karitiana in a recent past, establishing what they call a "mess time". Such context has changed from specific strategies promoted by their leadership, pointing out to possible actions for the indigenous mental health.
Este trabalho tem como foco os sonhos ameríndios. Dedicar-me-ei a analisar alguns sonhos que foram relatados pela literatura etnológica das terras baixas da América do Sul; entre estes relatos estão aqueles que os Baniwa, povo arawak do Noroeste Amazônico, narraram para mim durante o meu trabalho de campo no médio rio Içana. As transformações explicitadas pelos sonhos serão compreendidas e descritas por meio da noção de cromatismo, provinda da análise de Lévi-Strauss nas Mitológicas, e da noção de perspectiva formulada por Lima e por Viveiros de Castro. Por fim, espero descrever transformações que atravessam a pessoa indígena por meio dos sonhos.
Este artigo pretende articular duas investigações etnográficas, entre os Tukano e Baniwa, que abordam a relação entre parentesco e mito. Pretende-se compreender a produção das diferenças sociocosmológicas no Noroeste Amazônico recorrendo-se às narrativas míticas da origem da humanidade. A análise seguirá os acontecimentos que se desdobram a partir de Jurupari, uma criança extraordinária e artefato cerimonial possuidor de capacidades reprodutivas; da cobra-canoa, um animal-objeto-útero que gesta a humanidade; dos nascimentos nas cachoeiras de Hipana e Ipanoré; do adultério com uma cobra-homem branco; e da guerra entre homens e mulheres. Todos estes eventos, personagens e relações, articulam de modo complexo transespecificidade e relações de sexo cruzado. Esperamos ao final evidenciar esses dois distintos modos pelos quais a humanidade atual é estabilizada a partir de um fundo virtual de alteridade, notando as importantes transformações tukano e baniwa no Alto Rio Negro.
RESUMO O Brasil consolidou-se como um grande produtor e exportador de produtos agrícolas sendo destaque em diversas culturas de grãos. No entanto, o país ainda subutiliza os resíduos oriundos dessa atividade, que poderia ser eficientemente aproveitado no sistema energético no meio rural. O presente trabalho calcula o potencial de geração de energia elétrica utilizando biomassa oriunda dos resíduos agrícolas produzidos na região Centro-oeste do Brasil. Os resultados indicam que há o equivalente a três usinas de Itaipú ainda não aproveitadas na região. Contudo, apenas 9,1% do potencial pode ser aproveitada até 2024, face as limitações impostas pelo sistema de transmissão disponível. Assim, o reaproveitamento de resíduos agrícolas para produção de bioenergia é extremamente viável, gerando economia, diminuindo passivos ambientais e agregando valor à cadeia produtiva agrícola da região Centro-Oeste.
Este artigo apresenta, a partir da minha pesquisa etnográfica entre os Baniwa (língua arawak, Noroeste Amazônico), relações possíveis entre antropólogos e seus anfitriões indígenas. Realizo isso a partir da relação que estabelecemos eu e Júlio Cardoso (83 anos), do clã Awadzoro, meu principal anfitrião. Procuro compreender esta relação além (ou aquém) de um pacto etnográfico (Kopenawa & Albert, 2015), observando-o em acordos contínuos e cotidianos que envolvem a filiação adotiva. Esta relação não pressupõe uma identificação por meio de laços biológicos coincidentes com a ideia euro-americana de consanguinidade, tampouco a compreendo, tal como defende Fausto (2008), enquanto uma filiação incompleta. Trata-se de uma relação que indicia diferentes posições, sempre reversíveis, caracterizando modos dinâmicos de fazer parentes. Para tanto, considerarei o parentesco com sendo analógico (Wagner, 1977) notando como a relação entre antropólogo e anfitriões baniwa pode ser situada em uma cadeia de analogias: empregados indígenas e patrões brancos, pais e filhos bastardos (maapatsika), entre os termos da filiação adotiva e, no limite, da filiação “legítima”. Ao final pretendo alcançar alguns entendimentos sobre o parentesco baniwa ao deslocar o foco sobre como ele é constituído em uma das fronteiras do seu campo: na relação com os brancos.
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