Resumo: Neste artigo, objetiva-se analisar o modo como relações de poder (re)configuram um suposto "ideal" de livro didático de Matemática na atualidade, a partir da perspectiva dos personagens que atuam nessa produção, cujas ações impulsionam a (re)configuração do material. Fundamentado nas teorizações foucaultianas sobre a análise do discurso e as relações saber-poder, toma-se como material empírico entrevistas semiestruturadas realizadas com autores de livros didáticos de Matemática, editores, colaboradores, designers e equipes do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Os dados apontam que, após um período de ajustes e melhorias, pós-avaliação do PNLD, ocorre uma adequação dos livros didáticos de Matemática à ordem do discurso vigente, uma vez que propostas mais desafiadoras são punidas. À medida que o livro de Matemática se torna um produto comercial lucrativo, obras potencialmente mais vendáveis são construídas por saberes oficiais e marginais, forjados na multiplicidade das relações de poder e na leitura dos discursos que estão na ordem do tempo presente. Palavras-chave: Livro didático de Matemática. Análise do discurso. Relações de poder.
Resumo A partir de inspirações foucaultianas, objetivamos analisar e descrever neste artigo as formas multidirecionais das relações de poder no controle da conduta dos sujeitos, bem como o modo como os movimentos de contraconduta impõem resistências a esse controle, (re)configurando a rede que constitui o livro didático de Matemática. Por meio de uma proposta cartográfica, realizamos entrevistas semiestruturadas com diferentes personagens que atuam na rede de produção desses livros didáticos – autores, editores e designers –, além de pessoas que, por muitos anos, estiveram à frente do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e professores de Matemática da rede pública de ensino. Os resultados apontam a existência de relações de poder pluriformes e multidirecionais, em que autores, editores, grupos editoriais, PNLD e professores apresentam-se, ao mesmo tempo, como alvos e canais de transmissão do poder. De igual modo, observamos nos diferentes setores um movimento de contraconduta que tensiona, impõe outros caminhos e (re)configura a rede constitutiva do livro didático de Matemática
Ao considerar as relações de poder em uma sociedade que valoriza a juventude pulsante, alheia ao crescente envelhecimento da população, buscamos neste artigo compreender o modo como o livro didático de Matemática induz à governamentalidade, instituindo um modo de conceber o homem idoso. Para tanto, utilizando os conceitos de governamentalidade, cultura da performatividade e etarismo como ferramentas para pensar, procuramos, por meio de uma prática cartográfica, explicitar compreensões que emergem da análise de uma das coleções de livros didáticos de Matemática do Ensino Fundamental mais vendidas no Programa Nacional do Livro Didático 2019 (PNLD 2019). Nossa análise coloca o livro didático de Matemática no campo dos jogos de poder e da instituição do verdadeiro, evidenciando movimentos de invisibilização e de estigmatização do homem idoso. Mais que isso, aponta para a prática de um etarismo que atua sorrateiramente pelos microespaços sociais e, contornando diretrizes do PNLD, institui um modo de ver/ser idoso no Brasil.
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