As Línguas Clássicas nasceram no seio da música, com o seu acento de altura e o seu ritmo compassado de breves e longas, em que a poesia, mas também o discurso médico, historiográfico, a interrogação filosófica e a mais simples ou mais íntima, terna ou sofrida comunicação do quotidiano tomavam corpo. Não admira, pois, que, no contexto da festa, fosse ela banquete convivial ou festa cultual e política da cidade, as representações artísticas primassem por uma dimensão de arte total, em que música, palavra e dança se uniam, numa expressão integral do homem. Este convívio entre as Musas (de que a Música colheu o nome) e o quotidiano ditou uma peculiar forma de herança e de recepção, tão rica e tão óbvia que seria pretensioso lembrá-lo aqui. De sublinhar, sim, é essa vocação de sympatheia entre os Estudos Clássicos e os Estudos Musicais. Perceberam-no, aquando da criação do Mestrado em Ciências Musicais na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a Doutora Maria Augusta Barbosa, sua cofundadora juntamente com o Prof. Doutor Gerhard Doderer, e o Conselho Científico, à altura presidido por uma insigne Classicista, a Doutora Maria Helena da Rocha Pereira. E essa sympatheia foi mais longe: desde logo, foi sendo, pela Doutora Maria Augusta Barbosa e, posteriormente, pelo Doutor José Maria Pedrosa Cardoso, seu discípulo mais próximo, pedida a colaboração de classicistas na docência do Mestrado. Por ele passaram os Doutores José Geraldes Freire,