O presente artigo apresenta a pesquisa e trabalho curatorial desenvolvido para a exposição Kwá yepé turusú yuriri assojaba tupinambá: essa é a grande volta do manto tupinambá, realizada entre setembro e novembro de 2021 na Galeria Fayga Ostrower (Brasília, Distrito Federal) e na Casa da Lenha (Porto Seguro, Bahia). Nela, partimos da história dos mantos tupinambás para refletir sobre a retomada de sua produção por esse povo, o processo de dominação colonial e sua resistência. Além de questões sobre como expor objetos sagrados em exposições de arte contemporânea, o artigo traz reflexões sobre os desdobramentos da mostra em um ano marcado pelo acirramento da perseguição política aos povos originários do Brasil.
Este artigo tem por objetivo apresentar os processos de pesquisa, curadoria e reflexões do grupo “Narrativas da Arte do século XX” – coordenado pela Profa. Dra. Ana Gonçalves Magalhães – que geraram a mostra Projetos para um cotidiano moderno no Brasil, 1920-1960, ocorrida no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) entre agosto de 2021 e julho de 2022. O artigo se divide em duas partes: na primeira, todas as etapas do processo são descritas, desde o nascimento da ideia da exposição até seu desenvolvimento e quais agentes e em quais momentos foram envolvidos – pesquisadores internos e externos ao MAC-USP, outras áreas do museu, instituições e colecionadores particulares; na segunda parte são apresentados os textos que foram desenvolvidos para a exposição, ou seja, fruto da investigação apresentada na primeira parte.
O artigo pretende fazer uma aproximação da I Bienal de Havana e da II Bienal de Johannesburgo para analisar a importância de refletirmos sobre as metodologias de pesquisas utilizadas para estudar as bienais. Ambas as exposições revelam como as intersecções entre arte, política e sociedade atuam em uma mostra e oferecem caminhos com muitos pontos para reflexão sobre a importância de uma pesquisa interdisciplinar da história da arte. Para escaparmos de leituras reducionistas sobre as histórias das exposições, uma opção metodológica é adotar uma perspectiva social, que contraponha a análise desses eventos à história da arte local e ao contexto político no qual se inserem.
Importantes bienais do continente africano, como a Bienal de Dakar (Senegal) e as duas edições da Bienal de Johanesburgo (África do Sul), surgiram apoiadas nos movimentos pós-coloniais da década de 1990. O período é marcado pela renovação da governança social e política de diversos países africanos, empenhados em reestruturar suas sociedades (Konaté, 2009). Enquanto na Europa a queda do muro de Berlim (1989) assinalou um novo momento político e social regional, na África, o fim do regime do apartheid (1994) representou um momento de abertura política, em que diversos países passaram a substituir o sistema unipartidário pelo pluripartidarismo (Konaté, 2009). As bienais africanas concebidas nesse contexto histórico tornaram-se vetores de intensificação desse movimento geral de emancipação, e refletem questões relevantes da época.Em abril de 1994, ocorreram as primeiras eleições democráticas nacionais na África do Sul.Após 46 anos de segregação racial violenta e repressiva, o país passou a se empenhar na construção de uma nova história, com base em outras formas de convivência. Foi durante este contexto político e histórico decisivo que ocorreram as duas únicas edições da Bienal de Johanesburgo, dois even-
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