BackgroundCardiovascular disease is a leading cause of death in the world and in Brazil. Myocardial scintigraphy is an important noninvasive method for detecting ischemia in symptomatic patients, but its use in asymptomatic ones or those with atypical symptoms is yet to be defined.ObjectiveTo verify the presence of major cardiac events in asymptomatic patients or those with atypical symptoms (atypical chest pain or dyspnea) that underwent myocardial scintigraphy (MS), over a period of 8 years. Secondary objectives were to identify cardiac risk factors associated with myocardial scintigraphy abnormalities and possible predictors for major cardiac events in this group.MethodsThis was a retrospective, observational study using the medical records of 892 patients that underwent myocardial scintigraphy between 2005 and 2011 and who were followed until 2013 for assessment of major cardiac events and risk factors associated with myocardial scintigraphy abnormalities. Statistical analysis was performed by Fisher’s exact test, logistic regression and Kaplan-Meyer survival curves, with statistical significance being set at p ≤ 0.05.ResultsOf the total sample, 52.1% were men, 86.9% were hypertensive, 72.4% had hyperlipidemia, 33.6% were diabetic, and 12.2% were smokers; 44.5% had known coronary artery disease; and 70% had high Framingham score, 21.8% had moderate and 8% had low risk. Of the myocardial scintigraphies, 58.6% were normal, 26.1% suggestive of fibrosis and 15.3% suggestive of ischemia. At evolution, 13 patients (1.5%) had non-fatal myocardial infarction and six individuals (0.7%) died. The group with normal myocardial scintigraphy showed longer period of time free of major cardiac events, non-fatal myocardial infarction (p = 0.036) and death. Fibrosis in the myocardial scintigraphy determined a 2.4-fold increased risk of non-fatal myocardial infarction and five-fold higher risk of death (odds ratio: 2.4 and 5.7, respectively; p = 0.043).ConclusionThe occurrence of major cardiac events in 8 years was small. Patients with fibrosis at MS had more major events, whereas patients with normal MS result had fewer major cardiac events, with higher survival.
IntroduçãoAs doenças cardiovasculares em pacientes com neoplasia são eventos cada vez mais frequentes em razão dos avanços na terapêutica oncológica que resultaram tanto na melhora da qualidade de vida como no aumento da sobrevida dos pacientes.1 Os progressos no tratamento oncológico nos últimos anos resultaram também na maior exposição dos pacientes a fatores de risco cardiovasculares e à quimioterapia com potencial de cardiotoxicidade. 2,3A cardiomiopatia induzida pela fibrose miocárdica, decorrente do uso da doxorrubicina e da daunorrubicina, ocorre em cerca de 3% dos pacientes, é dose-dependente, afeta todas as faixas etárias e é frequentemente irreversível. 1A cardiotoxicidade pode se apresentar de forma aguda, subaguda ou crônica. 4 A cardiotoxicidade aguda ou subaguda caracteriza-se por alterações súbitas na repolarização ventricular, alterações no intervalo Q -T, arritmias supraventriculares e ventriculares, síndromes coronarianas agudas, pericardite e miocardite, geralmente observadas desde o início até 14 dias após o término do tratamento. 4A cardiotoxicidade crônica pode ser diferenciada em dois tipos, de acordo com o início dos sintomas clínicos. O primeiro subtipo ocorre dentro de um ano após o término da quimioterapia, e o segundo ocorre geralmente após um ano do término da quimioterapia. A manifestação mais típica de cardiotoxicidade crônica é a disfunção ventricular sistólica ou diastólica que pode levar a insuficiência cardíaca congestiva e a morte cardiovascular.4,5 O surgimento de complicações cardiovasculares pode determinar interrupção do tratamento quimioterápico comprometendo a cura ou o adequado controle do câncer.6,7 É válido ressaltar que a insuficiência cardíaca tem pior prognóstico que muitas neoplasias e pode comprometer seriamente a evolução do paciente em tratamento.8 Os efeitos cardiotóxicos clássicos são cumulativos e têm relação com a dose, a velocidade de infusão, a associação de drogas e as insuficiências hepática e renal. Teoricamente, qualquer quimioterápico tem potencial para causar toxicidade. A cardiotoxicidade das antraciclinas (doxorrubicina, epirrubicina e idarrubicina) caracteriza-se por queda na fração de ejeção do ventrículo esquerdo, ocorre em 5% a 25% dos casos, inicia-se nas primeiras doses, e está relacionada à dose cumulativa, especialmente com doses acima de 400 mg/m 2 de superfície corpórea. 9 Nessa dosagem, observa-se dano permanente miocárdico, caracterizado por apoptose dos miócitos, resultando em fibrose e perda da função cardíaca. No nosso caso clínico procuramos evidenciar a fibrose miocárdica gerada provavelmente pelo uso do quimioterápico (antraciclina) e demonstrar a utilidade da ressonância magnética no seguimento dos pacientes que realizaram quimioterapia. Relato do CasoM.S.A.C., 51 anos, feminina, foi diagnosticada com neoplasia de mama em outubro 2014, quando foi submetida a mastectomia esquerda seguida de quimioterapia com doxorrubicina na dose de 60 mg/m 2 , sendo utilizada uma dose total de 362 mg/m 2 ao final de seis meses de tratamento. No ...
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