O objetivo deste texto consiste em apresentar os resultados parciais de nossa investigação sobre o Movimento de Reorientação Curricular proposto pelo educador Paulo Freire enquanto esteve à frente da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina, do Partido dos Trabalhadores, de 1989 a 1992. Nesse sentido, apresentamos os indícios e as evidências identificados por nossa análise como capazes de auxiliar na propositura de políticas públicas de currículo. Mais detidamente, estudamos esses elementos sob a perspectiva enunciada por pesquisadores do campo – como Barreto (1995), Moreira (2000) e Saul e Silva (2011) –, isto é, como um movimento de ruptura paradigmática com as políticas oficiais de currículo anteriores, tanto em São Paulo como em todo território nacional. Tratamos, portanto, do movimento em análise como uma inversão do vetor de construção de políticas curriculares que pretende, partindo das realidades locais das escolas, elaborar não somente práticas, mas igualmente subsídios teóricos de reflexão sobre as práticas efetivadas. Além de destacar a atualidade de tais práticas e políticas, gestadas no âmbito dos princípios da pedagogia crítica, consideramos a relevância de utilizá-las como subsídios para analisar e criticar as atuais políticas curriculares.
<p class="CorpoA">Propomo-nos, neste texto, discutir o Movimento de Reorientação Curricular realizado durante a gestão de Paulo Freire, na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, de 1989 a 1992, por identificá-lo com a proposta de oferecer às escolas públicas paulistanas os subsídios necessários à construção curricular, visando estimular, por meio da descentralização do poder deliberativo sobre o currículo, a autonomia das escolas e a participação popular no movimento. Justificamos sua necessidade devido ao fato de que a viabilidade e o direito de cada escola brasileira construir seu próprio currículo têm sido postos em suspeição pelas políticas tecnicistas, homogeneizadoras e acríticas que supõem a impossibilidade dessa construção. Torna-se necessária outra escola, que se construa a partir de outra lógica. Por isso, partindo da hipótese – presente nos princípios estruturantes apresentados à rede municipal à época – de que a política curricular freireana se fundamentou em uma inversão do tradicional vetor orientador dessas políticas, avaliamos seus contrapontos significativos às atuais políticas curriculares, possibilitando-nos, inclusive, o resgate do sentido público da escola pública brasileira, por meio do que chamamos de escola pública utópica de Freire.</p>
O propósito deste texto consiste em sistematizar os principais tópicos alcançados pelas práticas-pesquisas no contexto do Grupo de Estudos e Pesquisa em Etnomatemática (GEPEm) da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, que buscam discutir, sintetizar e endereçar as principais contribuições e indagações formuladas no âmbito das perspectivas socioculturais da Educação Matemática para/sobre os currículos de matemática e suas políticas. Para isso, consideram-se as prescrições curriculares brasileiras, desde a primeira metade do século XX até a presente década, para discuti-los à luz de autores e epistemologias que reconhecem a necessidade de pensar os currículos sob as perspectivas que consideram o conhecimento matemático escolarizado em função das relações e das práticas socioculturais que permeiam sua formulação como saber.
O propósito deste texto consiste em, partindo das pesquisas sobre currículos e sobre currículos de matemática, identificar perspectivas para a pesquisa capazes de promover e de potencializar a autoria docente nos processos de elaboração curricular. Para isso, tomamos o referencial da Sociologia das Ausências e das Emergências tanto para compreender a natureza da ausência da autoria docente nesses processos como também para endereçar possibilidades no campo das emergências. A proposta de desinvisibilizar os currículos pensadospraticados de matemática, em especial aqueles de caráter emancipatório emerge, nesse contexto, como alternativa teórico-metodológica para a fundamentação de perspectivas para a pesquisa sobre a prática de quem ensina matemática. Assumi-la corresponde, como argumentamos no texto, à tentativa de promover e de potencializar a autoria docente nos processos de elaboração curricular.
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