No nordeste do Brasil, os encalhes de tartarugas marinhas têm sido um instrumento importante de pesquisa para avaliação de impactos negativos que vem ocorrendo nas regiões costeiras. O despejo de poluentes e resíduos sólidos no mar, a exploração dos recursos pesqueiros e a degradação de áreas costeiras tem sido as principais causas para o declínio de população de animais ameaçados como as tartarugas marinhas na costa do Brasil. A presente pesquisa teve como objetivo, analisar os encalhes de tartarugas marinhas no litoral do Ipojuca, Pernambuco, Brasil. Foi realizado um levantamento dos encalhes nas praias do Ipojuca, desde setembro de 2008 a junho de 2016, através de informações no banco de dados da Organização não Governamental Ecoassociados, bem como o monitoramento de 12 km dessas praias, entre os meses de setembro de 2015 a junho de 2016. Os animais encontrados mortos ou debilitados foram identificados e avaliados quanto a localização em relação a praia, sexo, faixa etária, estado de conservação da carcaça, evidência de interação antropogênica, presença de tumores, presença de anilhas e evidência de interação com outra fauna. Um total de 418 encalhe foram documentados, esses distribuídos em 16,98% de tartarugas não identificadas, 4,41% de tartaruga cabeçuda, 7,05% de tartaruga de pente, 24,11% de tartaruga oliva, destacando a tartaruga verde (Chelonia mydas) como a espécie com maior número de registro (64,4%) de encalhes na costa do Ipojuca. Quanto à faixa etária, os juvenis (n=197) foram mais representativos que os adultos (n=143) e fêmeas (n=113) foram mais expressivas que os machos (n=30). A praia de Merepe obteve maior número de encalhes (n=131). Cerca de 20% das carcaças estavam com a presença de cracas e 11,11% apresentando tumores com indicativo de fibropapiloma, sendo exclusivo para C. mydas. Sendo assim, é necessário repensar em ações direcionadas para conservação das espécies, evidenciando a educação ambiental e a fiscalização como uma das principais medidas.