Diante da expressiva inserção do psicólogo no campo da Assistência Social, objetivou-se analisar a atuação desse profissional nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), destacando suas ações, e comparando-as com as demais atividades ofertadas nesses serviços. Foram entrevistados 20 psicólogos em 17 CRAS da região metropolitana de Natal/RN. Identificou-se a realização de ações distintas das práticas tradicionais do psicólogo, contudo, o atendimento psicossocial, atividade importante na proteção às famílias, não é satisfatório. Acrescenta-se a execução da clínica tradicional, atividade não prevista para o serviço, e o elevado número de psicólogos que a realiza. Assim, o campo da Assistência Social possibilita aos psicólogos atuar nos serviços de combate à pobreza, mas os desafios da própria política social e os entraves que acompanham a história da profissão permanecem.
RESUMOAnalisa-se a atuação do psicólogo em Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) localizados em municípios do interior do estado do Rio Grande do Norte (RN). Quinze psicólogos de CRAS distribuídos nas microrregiões do RN foram entrevistados, a partir de um roteiro semiestruturado sobre perfil sociodemográfico, formação profissional, serviços ofertados nos CRAS e atividades desenvolvidas pelos psicólogos. Identificouse que esses profissionais realizam um conjunto de atividades, que tanto atende aos ditames oficiais no escopo da política de Assistência Social, quanto, concomitantemente, se serve do modelo historicamente hegemônico de formação e atuação do psicólogo. Considera-se que o trabalho na política de Assistência Social colocou os psicólogos diante de uma classe trabalhadora ainda mais pauperizada, com demandas diversas daquelas tradicionalmente consideradas pela Psicologia. Discutem-se as possibilidades e os limites da atuação profissional no âmbito dessa política pública, bem como os entraves estruturais da própria política no modo de produção capitalista.Palavras-chave: política social; assistência social; atuação do psicólogo. RESUMENSe analiza la actuación del psicólogo en los Centros de Referencia de la Asistencia Social (CRAS) ubicados en pueblos del estado de Rio Grande do Norte (RN). Quince psicólogos repartidos en microrregiones fueron entrevistados utilizandose un guión semiestructurado sobre perfil sociodemográfico, formación profesional, servicios ofertados en los CRAS y actividades desarrolladas por los psicólogos. Se identificó que esos profesionales atienden a los dictámenes oficiales en el objetivo de la política de Asistencia Social y, concomitamente, se sirven del modelo históricamente hegemónico de formación y actuación del psicólogo. Considerase que el trabajo en la política de Asistencia Social puso los psicólogos ante una clase obrera aún más pobre, con demandas diversas de aquellas tradicionalmente consideradas por la Psicología. Se discuten las posibilidades y los límites de la actuación profesional en el ámbito de esa política pública, así como las trabas estructurales de la propia política en el modo de producción capitalista.Palabras clave: política social; asistencia social; actuación del psicólogo. ABSTRACTThis paper analyzes the psychologist's performance in Social Assistance Reference Centers (CRAS) in towns in Rio Grande do Norte state (RN). Fifteen CRAS' Psychologists were interviewed in the different microregions of the state, concerning socio-demographic profiles, professional training, services offered at CRAS and activities performed by these professionals. We identified that these professionals both perform a set of activities that match the official doctrines at the scope of Social Assistance, and, at the same time, make use of the historically hegemonic model in psychologist's training and performance. Also, the work at Social Assistance policies has made the psychologists face a working class even more impoverished, whose demands are unlike those usuall...
A inserção dos psicólogos em instituições públicas no Brasil caracteriza-se pela ampliação das oportunidades de emprego para esses profissionais e pela expansão do público-alvo de suas atividades. Tal inserção põe em xeque os modelos sobre os quais se sustenta o exercício da profissão de psicólogo, sobretudo quando realizadas em locais que têm nas sequelas da “questão social” o foco da intervenção. Nesses espaços, mais que intervir no sofrimento psicológico,cabe ao psicólogo manejar situações cujos determinantes repousam nas condições estruturais da sociedade burguesa, especialmente aqueles resultantes da contradição fundamental entre capital e trabalho. A Psicologia, como ciência e profissão historicamente voltadas para a manutenção da ordem burguesa, ao inserir-se no campo das políticas sociais e responder pela execução dessas, vê-se diante de desafios que impelem as discussões sobre seu compromisso social, ético e político, que resultam em ações progressistas, de um lado, ou mantenedoras das condições de vida da população que agora assiste. Não obstante os desafios que o trabalho com a pobreza envolve, os psicólogos têm buscado estratégias de enfrentamento à sua própria paralisação diante de demandas que, além de variadas e amplas, devem ser tratadas dentro de um campo imbuído por embates políticos, mau uso da máquina pública e pouco direcionamento técnico. Assim, conclui-se que o trabalho no campo das políticas sociais demanda um reordenamento do arsenal teórico-técnico do psicólogo, mas, também, esbarra nas determinações macroestruturais do modo de produção capitalista.
ResumoDiante do aumento de afastamentos por motivo de saúde psíquica dos servidores técnico-administrativos em educação de uma instituição pública, objetivou-se analisar a relação entre adoecimento psíquico e atividade de trabalho, a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) e as razões dos afastamentos por adoecimento psíquico. O estudo descritivo-quantitativo e transversal usou questionário socioprofissional e Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), cuja análise estatística identificou a prevalência de 37% de TMC entre os 434 respondentes (intervalo de confiança de 95%), bem como a associação entre a variável dependente e algumas contextuais (p < 0,05): alcance das expectativas da instituição sobre o trabalho desenvolvido; organização, condições e relações de trabalho; e avaliação de que o trabalho produz sofrimento. Conclui-se que há alta prevalência de TMC entre os servidores, sendo o trabalho causador de sofrimento psíquico, impondo a necessidade de cuidar não só do trabalhador, mas também do trabalho.
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