O que está se tornando evidente, já não numa visão estreita de crítica sistemática anti-capitalista, mas de bom senso econômico e social, é que um sistema que sabe produzir, mas não sabe distribuir, simplesmente não é suficiente. Sobretudo se, ainda por cima, joga milhões no desemprego, dilapida o meio-ambiente e remunera mais os especuladores do que os produtores. E a construção de alternativas envolve um leque de alianças sociais evidentemente mais amplo do que o conceito de classes redentoras, burguesa para uns, proletária para outros, que dominou o século XX. O debate sobre quem tinha razão continuará sem dúvida a alimentar as nossas discussões, mas a realidade é que a própria realidade mudou. O crescimento econômico, quando existe, não é suficiente. Nem a área produtiva, nem as redes de infraestruturas, e nem os serviços de intermediação funcionarão de maneira adequada se não houver investimento no ser humano, na sua formação, na sua saúde, na sua cultura, no seu lazer, na sua informação. Em outros termos, a dimensão social do desenvolvimento deixa de ser um "complemento", uma dimensão humanitária de certa forma externa aos processos econômicos centrais, para se tornar um dos componentes essenciais da transformação social que vivemos. Será preciso lembrar que o principal setor econômico nos Estados Unidos, não é mais a indústria automobilística, ou bélica, mas a saúde, que representa 14% do seu PIB? A questão que se coloca, e que analisamos neste artigo, é que enquanto as áreas produtivas dispõem de um sólido acúmulo teórico sobre a sua gestão - taylorismo, fordismo, toyotismo, TQM, Kanban etc. - a área social não dispõe dos paradigmas de gestão correspondentes, e fica oscilando entre burocratismos estatais ultrapassados, e privatizações desastrosas. Os serviços sociais são diferentes e necessitam de respostas específicas. A questão da gestão social tornou-se central.
Capitalism is a good system when production is concerned, but not good enough a system if we want adequate distribution. And a system that produces well, but does not distribute accordingly, is structurally unbalanced. We need alternatives. What we have had up to now are not alternatives, but simplifications, with statism on one side, and liberalism on the other, redemption being expected to come either from the bourgeoisie or from the proletariat, depending on the political views. This debate will continue, but reality has changed. Economic growth is obviously not sufficient, assuming it exists. No modern economic activity can be stimulated if we do not have the corresponding investment in people, through health, education, culture, leisure and so on. Social activities are no longer a complement to banking and industry. They have become central to the economy itself. In the U.S., the new economic locomotive is not the car industry, but health, representing 14% of GDP. While social services have become central in modern economies, they still have to find their management paradigm. Huge, centralized state burocracies are not responsive enough...
Despite the implementation of social and health policies that positively affected the health of the populations in Brazil, since 2009 the country has experienced a slower decline of infant mortality. After an economic and political crisis, Brazil witnessed increases in infant mortality that raised questions about what are the determinants of infant mortality after the implementation of such policies. We conducted a scoping review to identify and summarize those determinants with searches in three databases: LILACS, MEDLINE, and SCIELO. We included studies published between 2010 and 2020. We selected 23 papers: 83% associated infant mortality with public policies; 78% related infant mortality with the use of the health system and socioeconomic and living conditions; and 27% related to individual characteristics to infant mortality. Inequalities in the access to healthcare seem to have important implications in reducing infant mortality. Socioeconomic conditions and health-related factors such as income, education, fertility, housing, and the Bolsa Família. Program coverage was pointed out as the main determinants of infant mortality. Likewise, recent changes in infant mortality in Brazil are likely related to these factors. We also identified a gap in terms of studies on a possible association between employment and infant mortality.
É essencial uma criança sentir que a sucessão de anos que passa na escola lhe permite efetivamente entender o contexto onde vive, apropriar-se da realidade que a cerca. A criança, mais que o adulto que tem oportunidades de conhecer diversas regiões, interpreta o mundo pela cidade ou pelo bairro onde mora. O seu espaço de referência é o espaço local. Proibir-lhe que brinque no córrego vizinho da sua casa é prudente, mas gera apenas medo. Entender os fluxos dos riachos e as fontes concretas de poluição lhe assegura desde já ancorar o conhecimento abstrato em vivências concretas, e lhe permitirá mais tarde entender a gestão de bacias hidrográficas. Aprender a representação em escala do seu próprio bairro, das ruas que conhece, evitará mais tarde a quantidade de adultos que sabem decorar uma aula de geografia, mas que são incapazes de interpretar um mapa para se orientar. Trata-se de um investimento poderoso, tanto para tornar o ensino mais produtivo, capitalizando a motivação da criança por entender as coisas que a cercam, como por permitir que mais tarde seja um adulto que conhece a origem ou as tradições culturais que constituíram a sua cidade, os seus potenciais econômicos, os desafios ambientais, o acerto ou irracionalidade da sua organização territorial, os seus desequilíbrios sociais. Pessoas desinformadas não participam, e sem participação não há desenvolvimento. Trata-se de fechar desde cedo a imensa brecha entre o conhecimento formal curricular e o mundo onde cada pessoa se desenvolve. Estas linhas são escritas por um economista, que na era da economia do conhecimento se convenceu de que a economia não se basta a si mesma, de que uma articulação com o mundo que ensina e difunde o conhecimento é essencial.
Desenvolvimento local e apropriação dos processos econômicos 1 Ladislau Dowbor 2 Resumo A partir de conceitos de Milton Santos e outros teóricos, o presente artigo mostra o imenso potencial do "circuito inferior" da economia, em termos produtivos e de redução das desigualdades herdadas, por meio da inclusão socioprodutiva com sustentabilidade e o estímulo ao desenvolvimento local. Destacamos essa contribuição para repensarmos a dimensão territorial -gestão local, de regiões e de microrregiões -do desenvolvimento e sua importância na construção de novas dinâmicas produtivas, na busca de um outro mundo e outra ciência econômica, incluindo a importância da gestão racional do município, da participação comunitária e das novas formas de comunicação. Palavras-chaveDesenvolvimento local, territorialidade, gestão local, circuito inferior da economia. Recebido em 15 de julho de 2009 Aprovado em 24 de junho de 2010 1 Neste artigo, foram aproveitados apontamentos utilizados em diversos trabalhos. Para textos completos, ver o nosso O que é poder local?, editado pela Brasiliense em 2008; Democracia econômica, pela editora Vozes em 2008, e o relatório de pesquisa Política Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Local -todos disponíveis em AbstractMilton Santos is the author of key contributions to the spatial dimension of development. He was also deeply concerned with the social dimension of the economy, and his notion of the "lower circuit" has been instrumental in stimulating analysis on survival strategies at the bottom of the pyramid. Unlike the big corporations and their global logic of accumulation, the lower circuit is basically local and close to community. This view is essential for the organization of a system of support for local development through the productive inclusion and the notion of "decent" employment. The paper relies heavily on a research on productive inclusion in Brazil, using Milton Santos' categories.
A CENTRALIDADE DO CONHECIMENTO E DA CULTURA NA SUPERAÇÃO DE DESIGUALDADES SOCIAIS – ENTREVISTA COM LADISLAU DOWBOR
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