RESUMO A implementação da ferramenta tandem no processo de ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira ou Adicional (LE/LA) proporciona contextos reais de interação em que as responsabilidades são compartilhadas entre os alunos: ora aprendizes, ora mestres. Nesses casos, a autonomia e a reciprocidade possibilitam reunir presencialmente e virtualmente estudantes de idiomas de distintas culturas ampliando o conteúdo aprendido em sala e os horizontes profissionais e culturais de acordo com objetivos individuais. Esse pedalar na mesma direção implica uma mútua colaboração, assim como funciona em qualquer outra relação entre pessoas que almejam beneficiar-se de uma parceria. A responsabilidade conferida aos parceiros tandem impõe-lhes e concede-lhes a oportunidade de definirem seus próprios objetivos e de criarem estratégias para alcançar suas metas (BRAMMERTS & CALVET, 2003, p. 33). Assim, a autoavaliação torna-se primordial para um exercício crítico e constante da aprendizagem. Por esse viés, este trabalho pretende analisar a relevância de atividades de autoavaliação no processo de ensino-aprendizagem de línguas próximas (português e espanhol), com foco nas estratégias desenvolvidas pelos aprendizes para um maior aproveitamento dessa ferramenta didática. Para tal projeto, investigamos os aportes teóricos e fichas de autoavaliação desenvolvidos nesse modelo pedagógico (MESQUITA, 2008; CAVALARI, 2009; FURTOSO, 2011). Os dados foram gerados através do acompanhamento meticuloso de sessões de tandem e teletandem na UNILA e na UNIOESTE, da elaboração e aplicação de questionários e grades de (auto)avaliação, bem como de sessões de Conversa Reflexiva com os pares. Os resultados preliminares apontam para o desenvolvimento, em alunos e professores, da real consciência de que o aprendiz de LE é também agente de seu aprendizado. Essa mudança de concepção leva, consequentemente, alunos e professores a reexaminarem seus papéis; ação que provoca uma maior participação dos alunos no processo de ensino-aprendizagem-avaliação dos cursos de LE. Todo esse processo resulta, enfim, em um maior aproveitamento do estudante.
Apesar do crescimento no ensino de português como língua não materna, há pouco material didático voltado às necessidades dos aprendizes pertencentes aos novos afluxos migratórios, no qual se inserem os imigrantes haitianos. Em tal contexto, este artigo apresenta a aplicação do Projeto de Contação de Histórias (PCH) Rakonte Mwen, “conta pra mim” em crioulo haitiano, uma proposta de ensino do português brasileiro, alicerçada pela literatura popular haitiana e brasileira. Para tanto, utilizamos o método intervencionista da pesquisa-ação no planejamento das atividades e avaliação dos resultados, além da Pedagogia de Projetos como metodologia didática. A abordagem intercultural no ensino de línguas, bem como o conceito de Língua de Acolhimento, nortearam a ação pedagógica. Através dos resultados, sustentamos que o ensino baseado em projetos e centrado na abordagem intercultural é producente no trabalho com línguas para imigrantes em situação similar a de refugiados. Desse modo, a perspectiva de acolhimento a partir da literatura popular permite a difusão da cultura dos novos imigrantes e a inserção desse grupo no Brasil, suscitando um novo olhar sobre o aprendizado da língua portuguesa. Também refletimos sobre o papel docente no ensino de uma Língua de Acolhimento, perspectiva para a construção de novas práticas educacionais.
O processo de formação das nações latino-americanas resulta do violento confronto entre os conquistadores europeus, os subjugados povos indígenas e os massivos contingentes de escravos africanos forçados ao degredo em terra estrangeira. Nesse contexto, o confronto e a ocupação do território deram origem a múltiplos movimentos de diáspora, de exclusão social e de rejeição mútua entre grupos étnicos em busca de sobrevivência e de identidade: povos autóctones buscando refúgio em territórios não ocupados pelos conquistadores europeus, grupos de escravos africanos protegendo-se mutuamente em comunidades quilombolas, europeus deserdados e mestiços à caça de oportunidades em regiões inóspitas.No âmbito da literatura, esse complexo embate entre dominadores e dominados, entre ricos e pobres, entre cidadãos e seres reificados, entre os que comem e os que têm fome, assim como o decorrente processo de exclusão social coercitiva, manifestam-se simbolicamente nas páginas dos mais significativos escritores latino-americanos, de José de Alencar a Gabriel García Marquez, de Augusto Roa Bastos a Miguel Ángel Asturias, entre inúmeros outros exemplos extremamente representativos. Coetâneos, o diplomata, poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz (México, 1914(México, -1998 e o jornalista, ensaísta e poeta Eduardo Hughes Galeano (Uruguai, 1940-) inscrevem-se entre os autores que, por intermédio de sua obra, constroem uma inovadora e expressiva imagem da América Latina, no tocante aos segmentos negligenciados da população. Nesse contexto, é fundamental registrar o surgimento de uma voz que emerge das próprias favelas para denunciar, como testemunho pessoal de fatos empíricos cotidianos, o fosso profundo que separa famintos e bem alimentados no conjunto do continente latino-americano: a memorialista e ficcionista brasileira 1 Doutoranda em estudos literários e professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Foz do Iguaçu, PR, Brasil.
<p align="justify"><span><strong>Vidas secas</strong></span><span> (1938), de Graciliano Ramos, </span><span>abraça</span><span> as premissas do </span><span>R</span><span>omance de 30 e </span><span>toma como pretexto </span><span>o drama social e existencial dos retirantes para, por meio de expressivos recursos estilísticos transculturados de sua matriz poética europeia, </span><span>in</span><span>duzir o leitor </span><span>a uma prospecção no</span><span> espaço existente entre a consciência (fictícia) dos personagens e o extenso </span><span>e corrediço </span><span>hipertexto em que se verbaliza o drama da própria condição humana. </span><span>Por meio de um discurso que se desenvolve sob múltiplos registros de linguagem, o</span><span> narrador apresenta-se como mediador de imbricadas cartografias da existência: os distintos focos narrativos e fontes de enunciação resultam de um antropofágico empilhamento </span><span>palimpséstico </span><span>de </span><span>vozes</span><span> de múltiplas origens.</span></p><p align="justify"><span>Palavras-chave: Vidas secas. Condição humana. Geração de 30. Recursos estilísticos. Mediação discursiva.</span></p>
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
customersupport@researchsolutions.com
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.
Copyright © 2025 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.