O romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, é uma história de medo e atração, assombro e fascínio. Na travessia do rio São Francisco, Riobaldo, o narrador-protagonista, passa por um ato de transformação de caráter iniciático (Bolle, 2005). Discutiremos a personagem Diadorim enquanto o médium dessa travessia por meio de uma abordagem transgênero: Menino, vestido de boiadeiro, com imensos olhos verdes. Mediante uma postura aproximativa, identificamos em Diadorim a figura do encantamento e da repulsa, sentimentos distintos que conduzem Riobaldo ao confrontamento de sua própria sexualidade que é, por sinal, marcada pelo “regime da diferença sexual” (Preciado, 2020). A noção de imagem dialética (Benjamin, 2009) é o prisma pelo qual investigamos o embate entre as faces bela e terrível de Diadorim e que nos permitiu identificar, com a noção de travessia, elementos para uma leitura baseada num paradigma trans.
Este artigo tem como objetivo discutir a ausência dos temas de gênero e da abjeção em Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa (1908-1967), por parte da crítica jornalística brasileira, com destaque especial à figura de Diadorim. Essa discussão ratifica a perspectiva de Silviano Santiago (2017) ao afirmar que o Grande sertão foi domesticado pelo pensamento conservador tanto acadêmico quanto jornalístico. Com uma metodologia de pesquisa bibliográfica e de arquivo de jornais, o artigo conclui que o não enfrentamento destas questões produz empobrecimento crítico.
Este artigo tem como objetivo problematizar a expressão “O Diadorim do Grande sertão sou eu”, dita por João Guimarães Rosa (1908-1967) a Afonso Arinos e registrada por Josué Montello, assim como busca circunscrever o problema biográfico do autor mineiro. O texto fundamenta-se na discussão de “crítica biográfica” (SOUZA, 2020) para fazer a leitura do campo biográfico e da personagem Diadorim. A conclusão aponta para a possibilidade de relacionar fato e ficção à pesquisa e à grande carência de estudos biográficos sobre o autor mineiro.
O presente artigo discute elementos do imaginário e cultura brasileira os quais potencializam uma narrativa mítica em dois símbolos nacionais, o Macunaíma, de Mário de Andrade, e a imagem do Cristo Redentor. Sob a perspectiva da teoria do imaginário, estudaremos o aspecto mitogênico nas duas obras. A partir das aparições desses símbolos na cultura, na política e na mídia, constataram-se associações idealizadas com a estátua, e de estigma, com o personagem literário.
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