No contexto da pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-COV-2), propomos pensar a potência das narrativas digitais produzidas e compartilhadas no ciberespaço, entendendo-as como registros históricos que narram experiências, dores, modos de viver o isolamento físico (ou de não o praticar) e uma variedade de complexas e intensas emoções experimentadas pela humanidade no último ano. A partir de uma cartografia digital realizada em/com uma amostra dessas narrativas online, discutiremos a noção de redes educativas (ALVES, 2015) como espaçostempos de formação contínua, costurados por currículos não institucionais, praticados na/com a cibercultura (SANTOS, 2011). O presente artigo tem como objetivo principal apresentar e discutir o conceito de hiperescritas de si (MADDALENA, 2018) – escritas autobiográficas fundadas na hipermídia – como práticas de criação de memórias singulares a combater os perigos de uma história única (ADICHIE, 2009). As hiperescritas de si produzem outras presencialidades, sentidos e conhecimentos, expandem as formas de sociabilidade e pluralizam as vozes nos temposespaços de narrativas em disputa. A partir dessas escritas, praticadas e partilhadas na pandemia, pretende-se pensar a ficção como tática de (re) existência e de insurgência contra o que está posto enquanto ameaça à vida, à diferença e à democracia. À título de recorte, apresentaremos uma experiência de currículo praticado no Ensino Remoto Emergencial, na plataforma Moodle, desenhada com estudantes do curso de Pedagogia da UERJ, no segundo semestre de 2020, tendo a ficção como ponto de partida do desenho didático.
Este trabalho pretende comunicar, ainda muito inicialmente, os primeiros rascunhos de uma pesquisa realizada nos cotidianos de três turmas de graduação do curso presencial de Pedagogia da UERJ, todas de 1º período, nos espaçostempos4 da disciplina Tecnologias e Educação, ministrada por um dos autores deste artigo. Pretende-se apresentar alguns referenciais teóricos que têm conduzido as práticas em sala de aula, bem como pensar – a partir dos trabalhos realizados pelos estudantes – o lugar dos saberesfazeres rotulados de senso comum pela Academia, mas que aparecem, transbordam, invadem e ressignificam os modos de produzir conhecimento, permitindo emergir outras lógicas operatórias que desafiam e complementam o fazer científico e o fazer em grupo. O relato da pesquisa- -intervenção visa contribuir para a amplia- ção do debate acerca das tecnologias aplicadas à Educação formal e procura escapar da dicotomia analógico/digital. As autorias de estudantes aqui elencadas nos indicam que há trânsito onde se supõem deslocamentos inconciliáveis, e oportunizam ao professor pensar sobre o hibridismo tecnológico que marca o tempo presente.
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