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Recentemente, Brasil e Índia mergulharam em crises político-econômicas, o que abriu espaço para a ascensão de governos conservadores e populistas. Em virtude disso, seus papéis internacionais parecem estar mudando, em maior ou menor intensidade. Este trabalho é uma tentativa de entender se e com qual intensidade estes países estão mudando seus papéis internacionais devido à ascensão de governos populistas de extrema direita. Temos dois objetivos específicos principais. Primeiramente, queremos observar o grau de semelhança entre os governos brasileiros e os indianos (comparação intra-país) e também entre os países (comparação entre-países). Em segundo lugar, pretendemos identificar as National Role Conceptions (NRCs) de Bolsonaro e Modi, ou seja, como cada líder enxerga o lugar de seu país no Sistema Internacional. Para tanto, utilizamos o arcabouço teórico-conceitual da Role Theory e empregamos ferramentas de Text Mining, Análise de Conteúdo e Análise temática. O corpus analisado consistiu nos discursos proferidos na Assembleia Geral das Nações Unidas por Brasil e Índia e também de outros discursos obtidos nos respectivos sites oficiais dos ministérios de relações exteriores de cada país. Usamos a linguagem de programação R para medir o grau de semelhança ou dessemelhança entre os discursos por meio da medida de similaridade de cossenos, e o software de analise qualitativa MAXQDA para codificação dos material e mensuração da frequência em que os papeis sugeridos aparecem nos discursos. Os nossos achados apontam para uma reorientação muito maior da política externa do Brasil do que da Índia. Ambos estão passando por um processo de mudança em seus papeis internacionais, mas em graus bastante variados. Enquanto a política externa da Índia sob Modi parece imbuída de pragmatismo e não ter sofrido grandes quebras, a do Brasil de Bolsonaro sofreu uma mudança brusca de agenda. Isso se refletiu em seus papéis.