Resumo Um dos maiores problemas das cidades de médio e grande porte nos dias de hoje é a mobilidade urbana, cujas soluções passam necessariamente pelos sistemas de transporte público coletivo, os quais exigem elevados investimentos em infraestrutura. A frota desse serviço é determinada com base na quantidade de passageiros a serem transportados nos períodos de pico e tem importante papel na definição do valor da tarifa. A diferenciação do valor da tarifa por faixa horária ao longo do dia, embora ainda muito incipiente no Brasil, é uma estratégia bastante utilizada no exterior para diminuir a demanda nos períodos de pico. A oferta de descontos no valor da tarifa para os horários de menor demanda pode atrair parte dos usuários que se desloca nos picos. Dessa forma, o artigo apresenta um minucioso estudo sobre o tema, com uma análise de viabilidade do uso da tarifa diferenciada por horário no sistema de transporte público de uma cidade brasileira. Os resultados mostraram que 69% dos usuários do sistema no período de pico estariam dispostos a mudar o horário da viagem para obter alguma economia, que o percentual de adesão varia em função da dimensão do desconto oferecido e que existe um desconto mínimo a partir do qual a mudança ocorreria. A estratégia se mostrou viável com boas chances de modificar o perfil da variação da demanda ao longo do dia e contribuir para a redução da frota e dos custos operacionais do sistema.
Neste artigo é analisado o impacto da pandemia de COVID-19 no transporte público por ônibus em duas metrópoles brasileiras, Belo Horizonte e João Pessoa. A correlação de Spearman apontou uma forte relação entre a variação no número de passageiros transportados e as medidas restritivas de combate à pandemia do COVID-19, mostrando que as medidas de enfrentamento ao vírus possivelmente ditaram o uso do transporte público pela população. Em contrapartida, a correlação entre o número de novos casos confirmados de COVID-19 e a variação de usuários transportados foi fraca em Belo Horizonte e insignificante em João Pessoa. Tendo em vista a influência das medidas restritivas, foi identificada e comprovada a existência de diferenças significativas dos valores de correlação com a variação de passageiros a depender do nível de rigidez das medidas em vigor. Para mensurar o efeito causal, o teste de causalidade confirmou que a pandemia intensificou a queda na demanda pelo transporte público, sendo de 60% em Belo Horizonte e 76% em João Pessoa. Portanto, quanto mais severa a política de combate à transmissão do vírus, maior a relação com o decréscimo na demanda por ônibus. Assim, a pandemia foi responsável por uma diminuição de passageiros expressivamente maior do que a tendência estimada para o mesmo período. Os resultados evidenciam uma crise no sistema de transporte público por ônibus no Brasil assim como a necessidade de repensar estratégias para atração de usuários de tal forma que o esse serviço atenda as necessidades de mobilidade da população.
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