No âmbito das políticas públicas brasileiras para alimentação e nutrição e para segurança alimentar e nutricional, a partir da virada do século XXI, observa-se que a alimentação deixou de ser adjetivada somente como “saudável” e passou também a ser referida como “adequada”. Essas noções vêm sendo construídas e defendidas socio-historicamente e passando por ampliações e ressignificações ao longo do tempo. Propôs-se neste estudo analisar como se instituiu a expressão “alimentação adequada e saudável” no Brasil. Foi realizada uma análise documental tendo em vista elucidar o desenvolvimento conceitual dos termos em questão no contexto brasileiro. Foram analisados documentos institucionais, a exemplo dos textos originais dos campos da segurança alimentar e nutricional e da alimentação e nutrição. Observa-se uma transição no modo de pensar a alimentação saudável no campo da alimentação e nutrição, antes centrada no estatuto do nutriente. Atualmente, tratamos de uma compreensão ampliada sobre a noção de alimentação, que a partir do debate sobre a superação do foco no componente nutricional dos alimentos, inclui a compreensão sobre um direito humano fundamental, bem como a compreensão sobre as questões socioculturais e afetivas do comer e sobre as questões da sustentabilidade ambiental da produção de alimentos com base em modelos produtivos pautados em princípios agroecológicos e da soberania alimentar. Argumenta-se que a combinação entre as expressões é representativa do esforço em aproximar as compreensões e os debates dos campos da segurança alimentar e nutricional e da alimentação e nutrição no que se refere à polissêmica noção de alimentação.
Este ensaio pretende refletir sobre um projeto de pesquisa e extensão no campo de Tecnologias Sociais em Educação Alimentar e Nutricional com vistas a favorecer a ampliação da garantia da Segurança Alimentar e Nutricional e a promoção da alimentação saudável de comunidades populares. Partindo da compreensão que o empreendimento concilia marcos referenciais da educação a uma complexa trama de dimensões que conforma o fenômeno da alimentação humana, discutiremos, inicialmente, o cenário no qual o debate sobre a emergência de novas configurações de Educação Alimentar e Nutricional se desenha no campo das políticas públicas, culminando com a proposição de um marco referencial para o referido campo. Em seguida, serão apresentados os fundamentos teóricos e metodológicos que animaram a proposição do projeto. Neste quesito, o enfoque da discussão centra-se nos marcos referenciais da educação e das ciências sociais em saúde em diálogo com as ciências da nutrição. Posteriormente, descreve-se o contexto do estudo e a experiência de Educação Alimentar e Nutricional desenvolvida, ao lado de uma análise dos alcances e limites à luz dos princípios metodológicos propostos e efetivamente concretizados.
Resumo Este ensaio objetiva analisar as estratégias discursivas de uma publicação do Ministério da Saúde, considerando que delas emerge outra noção de cuidado em alimentação e nutrição (CAN). Por meio da análise de discurso, os resultados são interpretados principalmente à luz dos estudos de Edgar Morin e Annemarie Mol. A análise identificou elementos do pensamento complexo constitutivos de uma perspectiva ampliada acerca da alimentação e das práticas de CAN no contexto do apoio matricial. Como principal estratégia discursiva, narrativas contextualizam o cuidado em enredos sinuosos e inconclusos, enfatizando a imanência da imprevisibilidade e da incerteza. Recursos metafóricos revelam deslocamentos da centralidade da biomedicina e tecem no sujeito a sabedoria prática de lidar com a coexistência entre a generalidade da metrificação do corpo e da comida e a singularidade das vidas e do comer cotidiano. As histórias contribuem para a compreensão do CAN como manejo compartilhado, que visa a restituição da ordem - viável e sempre provisória. Como conclusão, ao expor e legitimar a pluralidade de modos de atuar, o documento que emerge da experiência e a ela se volta pode repercutir na formação em saúde e suscitar a ampliação do repertório teórico acerca das práticas de CAN.
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