Eliane Vianna da Costa-e-Silva 1 QUEIROZ, V. L. D.; COSTA FILHO, L. C. C. da; ROSA, L. da S.; ZÚCCARI, C. E. S. N.; COSTA e SILVA, E. V. Sazonalidade na congelabilidade de sêmen bovino. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v.18, n.1, p. 39-47, jan./mar. 2015. RESUMO:O objetivo desta revisão foi apresentar e discutir os efeitos da sazonalidade nas características seminais de touros Bos taurus e Bos indicus antes e após o congelação, a fim de possibilitar maior rentabilidade econômica. Apesar da reprodução da espécie bovina não se caracterizar pela sazonalidade, estudos mostram a interferência das estações do ano na qualidade do sêmen de touros. O aumento da temperatura ambiente pode levar a elevação da temperatura testicular, das taxas metabó-licas e das exigências de oxigênio, ocasionando alterações na espermatogênese e, por consequência, a um impacto negativo na reprodução. Touros Bos indicus obtêm melhor desempenho na estação mais quente do ano apresentando uma qualidade de sêmen satisfatória em relação a touros Bos taurus. Isso se deve à maior resistência dos zebuínos às altas temperaturas e a peroxidação lipídica causada pelo calor resultando em menor produção de espécies reativas ao oxigênio e menor aumento nos defeitos nas células espermáticas. Desse modo, touros de origem europeia não apresentam um bom desempenho durante alguns períodos mais quentes do ano o que leva a questionar se a relação custo-benefício de aproveitamento do sêmen para criopreservação justifica o processamento do mesmo pelas Centrais de Coleta e Processamento de Sêmen nesta época. Esse fato tem levado algumas empresas a suspender atividades em determinados meses do ano. PALAVRAS CHAVE: Ambiente. Criopreservação. Espermatozoide. Estresseoxidativo. SEASONALITY IN THE FREEZABILITY OF BOVINE SEMENABSTRACT: The objective of this review was to present and discuss the effects of seasonality in the semen characteristics of Bos taurus and Bos indicus bulls before and after freezing in order to enable greater economic profitability. Even though the bovine reproduction is not characterized by seasonality, studies have shown the interference of the season on semen quality in bulls. The increase of temperature may lead to increase in testicular temperature, metabolic rates and oxygen requirements. Both thermal and oxidative stress will cause changes in the normal development of spermatogenesis, changing volume, sperm concentration, progressive motility, vigor and morphology of sperm cells, resulting in an economically negative impact on reproduction. Bos indicus bulls presented better performance in the hottest season of the year, showing a satisfactory quality of semen when compared to Bos taurus bulls. This is due to the greater resistance to high temperatures of zebu bulls and lipid peroxidation caused by the heat resulting in lower production of species reactive to oxygen and smaller increases in defects in sperm cells. Thus, European bulls, such as Bos Taurus, do not present a good performance in some of the hottest periods of the year, w...
Introdução: A síndrome nefrótica (SN) é classicamente definida por proteinúria severa, hipoalbuminemia, hiperlipidemia e edema. Na gestação ocorre o aumento fisiológico da taxa de filtração glomerular e da proteinúria, que é considerada anormal quando ultrapassa 0,3 g/dia. Embora dados sobre a prevalência da SN na gestação sejam escassos, é comum a associação entre pré-eclâmpsia (PE) e proteinúria nefrótica. Diante de quadros clínicos de proteinúria, edema e hipertensão, é desafiador fazer o diagnóstico diferencial entre PE isolada, SN nefrogênica e SN com PE sobreposta. O diagnóstico preciso e tempestivo é fundamental, pois o manejo e o prognóstico materno-fetal são distintos. Relato de caso: W.C.S., 23 anos, primigesta, 21 semanas e 5 dias, previamente hígida, deu entrada na maternidade com queixa de edema de membros inferiores (MMII) há um mês, evoluindo com anasarca e pico hipertensivo há um semana. Exame físico: estado geral regular, hipocorada e com discreto edema palpebral. Abdome globoso, gravídico, com sinais de ascite. Edema de MMII 4+/4+, simétrico. Pressão arterial de 130×88 mmHg. Exames laboratoriais mostraram: hipoalbuminemia severa (1,4 g/dL), proteinúria nefrótica (relação proteína/creatinina urinária =11,4) e hipertrigliceridemia (577 mg/dL). Durante a internação, a paciente foi acompanhada pela nefrologia e foram investigadas causas da SN. Foi excluído inicialmente lúpus eritematoso sistêmico pela ausência de critérios diagnósticos. Hepatites B e C foram excluídas, por sorologia, assim como malformações nos rins e vias urinárias, por ecografia. O tratamento proposto foi prednisona 1 mg/kg/dia, anticoagulação profilática com enoxaparina, furosemida e medidas de suporte clínico. A paciente teve evolução clínica favorável, apresentando normotensão e ausência de disfunção renal, de modo que se optou por não realizar a biópsia renal e manter a abordagem conservadora. Durante o acompanhamento ambulatorial, com 29 semanas, detectou-se crescimento intrauterino restrito estágio 1 pelo protocolo de Barcelona. Foi realizado controle ecográfico semanal e foi indicada a interrupção da gestação com 37 semanas. O parto cesáreo ocorreu sem intercorrências, e paciente e recém-nascido receberam alta hospitalar em boas condições. Conclusão: Este relato contribui para reforçar a importância do tratamento individualizado e do acompanhamento multidisciplinar, resultando em um bom desfecho materno-fetal. Dada a precocidade da detecção das alterações clínicas e laboratoriais, sem etiologia definida, optou-se por corticoterapia, com controle e mitigação da patologia materna. Não há evidências na literatura sobre vantagens da realização de biópsia renal em todos os casos. Sangramento e hematoma renal são possíveis complicações, devendo-se avaliar os riscos e benefícios desse procedimento. Por fim, é de suma importância monitorizar o crescimento fetal, bem como alterações na dopplerfluxometria, a fim de indicar a interrupção da gestação no momento mais oportuno.
Introdução: Gestantes com diagnóstico de anemia falciforme têm risco aumentado de complicações obstétricas e fetais. A morbidade materna é elevada, com maior chance de eventos tromboembólicos, síndrome torácica aguda, pielonefrite, pneumonia, septicemia, disfunções renais, desordens hipertensivas gestacionais, alterações fetais, entre outras intercorrências. Na consulta inicial, tendo em vista a alta prevalência de disfunções de órgãos-alvo, é fundamental investigar, entre outros aspectos, o histórico das crises álgicas, o número de hospitalizações, a existência de outras morbidades e os antecedentes obstétricos. Essa avaliação deve ser global e inclui, normalmente, confirmação do diagnóstico de anemia falciforme com eletroforese de hemoglobina, exames para análise das funções renais, hepáticas, pulmonares e cardiovasculares — podendo a hipertensão decorrer de nefropatia e ser fator de risco para acidente vascular cerebral (AVC) e pré-eclâmpsia. Sem o devido acompanhamento, 11% dos pacientes com anemia falciforme terão AVC aos 20 anos e 25% aos 40 anos. Relato de caso: Gestante, 18 anos, primigesta, 26 semanas e 3 dias, com diagnóstico de anemia falciforme desde a infância, histórico de politransfusão e múltiplas internações por síndrome torácica aguda, má adesão às orientações, uso irregular de hidroxiureia previamente à gestação e não comparecimento às consultas com hematologista, procurou a emergência obstétrica com crise álgica falcêmica. Durante a internação, apresentou picos pressóricos e congestão pulmonar. Feto apresentava restrição de crescimento, estágio 2 pelo protocolo de Barcelona, e comunicação interventricular perimembranosa tipo via de entrada, que acabou evoluindo para óbito após 19 dias de internação. A gestante apresentou picos hipertensivos refratários à medicação anti-hipertensiva no decorrer da indução do parto. Tornou-se torporosa, desorientada em tempo e espaço, hipoativa, sudoreica, taquipneica e hipertensa. Optou-se por interrupção via alta em razão da descompensação clínica, com encaminhamento à unidade de terapia intenstiva materna. Constatou-se em tomografia de crânio, acidente vascular cerebral hemorrágico com efeito de massa. Não foi recomendada pela neurocirurgia a abordagem cirúrgica pela alta probabilidade de desfecho maligno. Sugeriu-se iniciar protocolo para morte encefálica (ME). Concluiu-se o protocolo e foi constatada ME após 48 horas. Conclusão: Depreende-se do exposto que a realização de consulta pré-concepcional e o aconselhamento genético para as pacientes com diagnóstico de anemia falciforme são de imperiosa importância, assim como um pré-natal diferenciado e iniciado o mais cedo possível, a fim de se monitorarem eventuais dificuldades e riscos clínicos materno-fetais. Tendo em vista os altos índices de complicações, a gestante deve ter ciência da gravidade em potencial de ser portadora da doença e estar atenta às recomendações médicas. Os profissionais de saúde devem estar preparados para adotar condutas adequadas, que podem evitar desfechos ruins.
Introdução: A gestação é um período singular, no qual alterações fisiológicas podem exacerbar os sintomas das síndromes disautonômicas. A síndrome de taquicardia postural ortostática (POTS) é uma disautonomia simpática caracterizada pelo aumento de ≥30 batimentos por minuto (bpm) na frequência cardíaca quando em posição ortostática, sem hipotensão, que pode estar associada a cefaleia, vertigem, ansiedade, turvação visual e síncope em pacientes acima de 19 anos. Os sintomas de taquicardia no paciente com a síndrome de POTS podem ser desencadeados por: hipovolemia, quando a diminuição da pré-carga provoca a taquicardia reflexa; disfunção neuroendócrina com estado hiperadrenérgico; e disautonomia do sistema nervoso adrenérgico. Por outro lado, a síncope vasovagal vasoplégica ocorre em consequência de uma hipotensão por bradicardia associada ou não a vasodilatação periférica. Relato de caso: Gestante, 20 anos, primigesta, 33 semanas, com história de transtorno depressivo recorrente, com tentativas de suicídio impulsivas e síncope quando em posição ortostática por mais de 10 min. Ao exame físico, apresenta frequência cardíaca de 108 bpm quando sentada; 118 bpm e tontura leve quando em pé por 3 min; 138 bpm e turvação visual quando em pé por 7 min; e 140 bpm, com piora dos sintomas, quando em pé por 10 min. O tilt test realizado foi tecnicamente limitado, pois descreveu aumento na frequência cardíaca e posterior queda da pressão arterial, evoluindo para uma pressão arterial inaudível, e considerou síncope vasovagal vasoplégica positiva, porém não computou o aumento da frequência cardíaca nos primeiros 3 min, critério para a síndrome de POTS. Diante dos achados clínicos e após a interpretação cuidadosa do tilt test, foi aventada a hipótese de síndrome de POTS associada à síncope vasovagal, além de depressão e ansiedade secundárias. Iniciou-se o tratamento com Fluoxetina; ingestão de 3 a 4 litros de água por dia; e uso de meia compressiva, com melhora na tolerância da posição ortostática. Entrou em trabalho de parto com 38 semanas e 6 dias, quando foi indicada a cesariana por desproporção cefalopélvica. O parto e o pós-parto evoluíram sem qualquer intercorrência. Conclusão: Perante os sintomas de disautonomia, os diagnósticos diferenciais devem ser cuidadosamente avaliados. A síndrome de POTS ou a síncope vasovagal vasoplégica não são contraindicações para a gestação. Durante o terceiro trimestre, a pressão uterina na veia cava inferior piora a pré-carga cardíaca, podendo piorar os sintomas de disautonomia. O diagnóstico adequado, associado ao acompanhamento especializado, possibilitam o controle dos sintomas e uma gestação mais segura.
Introdução: As porfirias constituem um grupo doenças genéticas ou adquiridas decorrentes de deficiências enzimáticas na via de biossíntese do heme, que causam acúmulo de precursores metabólicos tóxicos. As porfirias agudas são doenças autossômicas dominantes, desencadeadas por fatores ambientais (medicações, estresse, hormônios esteroides, alterações nutricionais, aumento de progesterona na fase lútea). A porfiria aguda intermitente (PAI) é causada pelo deficit de porfobilinogênio (PBG) desaminase. O quadro clínico é inespecífico e intermitente, sendo dor abdominal o principal sintoma, associado ou não a neuropatia periférica, náusea, vômito, constipação, astenia, alteração da cor urinária, arritmia, confusão mental, alucinações e convulsões. O diagnóstico é feito pela dosagem urinária de PBG e ácido aminolevulínico (ALA) e porfirina plasmática, que podem ou não estar aumentados durante as crises. O tratamento das crises consiste em sintomáticos não porfirinogênicos, aporte elevado de glicose e, em casos graves, hematina ou arginato do heme. Relato de caso: Gestante, 22 anos, G3P2, com história pessoal de diversas internações em gestação anterior por dor abdominal, inicialmente lombar, evoluindo para difusa, sem melhora clínica com sintomáticos. Em rotina de pré-natal, apresentou anemia moderada associada à presença de bilirrubinas em exame de urina, sendo internada. Foi hipotetizada a PAI. Realizaram-se exames laboratoriais, PBG e ALA urinários, ambos negativos, sem critérios diagnósticos para porfiria. A paciente seguiu o acompanhamento gestacional, teve parto normal e puerpério sem intercorrências. Após um ano, comparece em consulta com hematologia referindo dismenorreia intensa, oscilações de humor, irritabilidade e choro intenso. Aos exames complementares, urina de 24 horas com ALA>12 mg/g (valor de referência — VR <4,5 mg/g), PBG 15,36 (VR<2 mg/24h), sendo diagnosticada PAI. Em nova gestação, a paciente foi encaminhada à emergência com idade gestacional de 16 semanas e 2 dias, referindo fraqueza, cefaleia, tontura, mal-estar, fadiga, alterações de humor e constipação. Realizou-se aporte calórico com glicose e correção de anemia com hemotransfusão. Ela evoluiu com melhora clínica importante e seguiu oacompanhamento de gestação em pré-natal de alto risco em conjunto com psicologia, psiquiatria e hematologia. A gestação evoluiu com parto normal espontâneo a termo, sem intercorrências. Conclusão: Quadros de PAI são raros e, apesar de bem tolerados na gestação, há descrito um pequeno aumento no risco de crises, que podem ser desencadeadas por redução calórica ou uso de medicações inapropriadas. O diagnóstico precoce e o manejo inicial adequado podem evitar internações, complicações, sequelas e até morte. Apresentou-se o caso clínico de paciente com duas gestações e condutas diferentes, a primeira sem diagnóstico, com múltiplas internações e condução insatisfatória; a segunda com diagnóstico de PAI, orientações bem definidas quanto à conduta nas crises e melhor evolução e desfecho.
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