Introdução: Experiências de perda dadas pelo refúgio, agravadas pela pandemia do COVID-19, reeditam e amplificam a condição do desamparo primordial, destacadamente em crianças, cujo psiquismo está constituindo-se. Objetivo: Conhecer como a condição de vulnerabilidade/vulneração (risco à saúde mental) da criança refugiada está sendo tratada em veículos de informação de imprensa, no contexto da pandemia do COVID-19. Método: Qualitativo, exploratório, de estudo documental. Elaborou-se quatro categorias: ‘Dimensão legal’; ‘Xenofobia’ ‘Precariedade do abrigo’; e ‘Perdas e lutos’, sendo foco desse trabalho as duas últimas categorias. Resultados e discussão: Sete notícias retrataram a condição específica da criança, num total de 31 artigos investigados. Na categoria ‘Precariedade do abrigo’ verificou-se crianças em abrigos temporários, ou construídos em matas ou zonas fronteiriças, ou em cárcere. Estes abrigos estão superlotados, em condições sanitárias precárias e com escassez de alimentação. Na categoria ‘Perdas e lutos’, identificou-se as subcategorias: 1) Da cultura e da língua; 2) Da residência; 3) Da família e das crianças desacompanhadas; 4) Da escola; e 5) Do provimento pelo desemprego dos pais. Considerações finais: As crianças refugiadas são forçadas a deixar seus lares, com suas famílias, por estarem em risco de vida, mas, por vezes, estão sozinhas. Seguem em centros de acolhimento, regularmente superlotados, sem privacidade e acesso a serviços preconizados em lei, onde podem sofrer violência ou rebelião, revivendo a perda da moradia. Assim, estão expostas à riscos psíquicos e de vida. Encontram-se em situação de vulneração, reeditando a condição de desamparo, marcada pela impossibilidade de construção de um laço social e inserção nos contextos sociais, tornando difícil a construção da identificação no novo país. Sem a denúncia necessária, os riscos de esquecimento de tão grave problemática podem se fazer efetivar.