Carolina Maria de JesusA declaração de Evaristo e o poema de Carolina Maria de Jesus que inauguram este ensaio indicam a urgência de abertura dos estudos literários a enunciações que se mantiveram fora do que chamamos de cânone, uma vez que vêm de espaços historicamente silenciados e marcados por resquícios ainda presentes, na contemporaneidade, do colonialismo e da escravidão. Essa abertura tem ocorrido aos poucos, pois a reivindicação do direito à escritura -e à escrevivência -parece ter sido ouvida tardiamente. Uma ilustração dessa extemporaneidade é o caso de Carolina Maria de Jesus. Apesar do sucesso de vendas de Quarto de despejo à época da publicação, a crítica passou a valorizar a obra da autora como uma produção digna de ser estudada como literatura muito recentemente. Outros exemplos são as produções contemporâneas de Conceição Evaristo e Jarid Arraes, que, apesar de bastante aclamadas por uma crítica ávida pela revisão do cânone, são de difícil acesso ou pouco divulgadas pela mídia hegemônica.Felizmente, como aponta Boaventura Sousa Santos (1997), há, paralelamente ao processo capitalista que promove a manutenção dos silenciamentos históricos, um movimento de globalização contrahegemônica. A
RESUMO: Este artigo traz uma leitura acerca da relatividade da experiência distópica das personagens notopos pós-apocalíptico da narrativa O quase fim do mundo, do angolano Pepetela. Ao considerar a distopia um acontecimento ou experiência, em vez de uma situação espaço-temporal, torna-se possível uma relativização da condição distópica, transfigurando seu atributo de totalidade generalizadora.ABSTRACT: This paper brings a perspective on the relativity of the dystopian experience of the characters in the post-apocalyptic topos of the narrative O quase fim do mundo, by the Angolan Pepetela. Considering that dystopia is a happening or experience, instead of a spatiotemporal situation, it becomes possible to relativize the dystopian condition, transfiguring its generalizing character.Chamo-me Simba Ukolo, sou africano, e sobrevivi ao fim do mundo.(Pepetela)
Resumo:As obras O vendedor de Passados e Teoria geral do Esquecimento, de José Eduardo Agualusa, apresentam personagens animais e relações entre humanos e animais não-humanos que contrariam as teorias ilosóicas e interpretativas tradicionais, possibilitando leituras que rompem com noções preestabelecidas pelas teorias de matriz estruturalista e cartesiana. Como sugeriu Donna Haraway, o ciborgue aparece como mito precisamente onde a fronteira entre o humano e o animal é transgredida, como se passa nas zonas de indiscernibilidade das personagens de Agualusa, que estabelecem uma (po)ética animal e, portanto, ciborgue. Este artigo tem como intuito trazer à discussão algumas dessas ocorrências animais -ou animots -nas duas obras em questão. Palavras-chave: José Eduardo Agualusa; animot; devir-animal, pós-humano AGUALUSA'S ZOO(PO)ETHICS Abstract:he works he Book of Chameleons and General heory of Oblivion, by José Eduardo Agualusa, present animal characters and relations between humans and non-human animals that go against traditional philosophical and interpretative theories, allowing perspectives that break with the notions created by the Cartesian and structuralist matrix theories. Donna Haraway suggested that the cyborg appears in myth precisely where the boundary between human and animal is transgressed, just as the indiscernibility lines created by Agualusa's characters, which establish an animal (po)ethics and, therefore, cyborg. his paper aims to discuss some of these animal -or animots -occurences in Agualusa's works. As possibilidades de relações entre humanos e animais aparecem com frequência em narrativas literárias. A abordagem de leitura para essas ocorrências pode variar muito, seguindo por vezes os pressupostos das teorias da interpretação, mas, outras vezes, uma lógi-ca inversa, que não toma como base as certezas como deinidas por nossa tradição epistêmica de matriz cartesiana. Se tomarmos o modelo realista-naturalista de animalização do humano como uma maneira de representar um afastamento da técnica por um grupo ou classe social, podemos inferir que se considera que o animal não-humano não deteria, sob essa perspectiva, o poder da técnica, de forma que as comparações ou metáforas exigem do leitor uma operação cognitiva que pressupõe uma superioridade humana. As obras do angolano José Eduardo Agualusa, em contrapartida, quando apresentam relações entre humanos e animais não-humanos, fazem-no tomando como mecanismo as zonas de indiscernibilidade, sem carregá-los (personagens humanos, animais e híbridos) de uma lógica biná-ria e maniqueísta.
O cineasta Sergei Eisenstein desenvolve os conceitos de montagem e de unspoken hints em sua coletânea de textos “Laocöon”, conceitos esses que vão além do campo cinematográfico. A teoria de Eisenstein potencializa a leitura de obras literárias, em seu sentido amplo, mas parece particularmente significativa quando tratamos de obras com suporte ou recurso gráfico para a composição diegética, como as histórias em quadrinhos e, especialmente, as novelas gráficas. O presente artigo dispõe dessa teoria para uma proposta de leitura de novelas gráficas, tratando, mais especificamente, da obra “A Travessia”, de Camila Torrano.
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