Resumo A complexidade das necessidades de saúde da população exige cada vez mais a qualificação para o trabalho colaborativo no Sistema Único de Saúde (SUS). Este artigo tem como objetivo refletir sobre possibilidades, limites e desafios do uso da análise institucional de práticas profissionais como dispositivo para a formação interprofissional em um programa de residência multiprofissional em saúde. Foi realizada uma pesquisa-intervenção com apoio no referencial teórico-metodológico da análise institucional, de cunho participativo, que possibilitou o encontro de subjetividades por meio do exercício da autoanálise, reconhecimento de não saberes e necessidades de formação, exercício da escuta coletiva e análise de possibilidades de compartilhar saberes e papéis. Ainda, foi possível evidenciar as contradições do contexto de trabalho e aspectos das relações interprofissionais que por vezes impõem limites às práticas colaborativas.
Introdução: O objetivo do presente estudo é analisar o acesso ao atendimento odontológico, por meio da percepção do usuário dos serviços saúde do SUS, em Porto Alegre/RS. Metodologia: Estudo transversal, de base populacional, desenvolvido por meio da aplicação de um questionário em uma amostra de 139 participantes por meio do aplicativo Open Data Kit-Collect. Foram analisadas as variáveis sexo, faixa-etária, escolaridade, raça/cor, motivo da consulta odontológica e informação sobre a presença de atendimento odontológico na Unidade Básica de Saúde acessada. Foram realizadas análises descritivas simples e teste Qui-quadrado de Person. Resultados: 66,3% dos participantes eram do sexo feminino, autodeclaradas não-brancas (73,4%), casadas (44,4%) e 100% alfabetizadas. Do total destes usuários do SUS, 87,4% buscavam atendimento odontológico privado mesmo sendo usuários dos serviços de Atenção Primária à Saúde do SUS. Os principais motivos de suas consultas odontológicas (54%) eram referentes a realização de limpeza, revisão, manutenção ou prevenção. Observou-se que 35% não sabia da existência de serviços odontológicos na unidade de saúde que acessavam. Desse modo, pode-se sugerir que os usuários de unidades básicas de saúde, que utilizam serviços odontológicos privados, não sabiam que a unidade ofertava serviços odontológicos preventivos (p=0,001). Conclusão: O referido estudo oportunizou o aprofundamento e caracterização sobre situação do acesso à saúde bucal de uma grande cidade brasileira. Esta análise contribui não só para a percepção do acesso a saúde bucal no município de Porto Alegre, como também, possibilitará o estabelecimento de estratégias que visem uma melhor abrangência do atendimento odontológico para essa população no SUS.
Objective: to analyze the resistance to interprofessional collaboration in the professional practices of residents in primary health care. Method: Social and clinical qualitative research with 32 residents of a Multiprofessional Residency, carried out from 2017 to 2018. Data production included Institutional Analysis of Professional Practices, document analysis; investigator’s diary; and observation. Data were analyzed based on Institutional Analysis concepts. Results: There were contradictions between the reproduction of uniprofessional education with a focus on the specialty and interprofessional collaborative practices. The resistance analysis pointed to two axes: not-knowing as an analyzer of resistance to collaboration; interprofessional interference and knowledge-power relations. Residents’ practices were characterized as resistant to interprofessional collaboration. Conclusion: The resistance analysis in the Multiprofessional Residency showed integrative movements of assimilation and disputes with physician-centered power, with damage to the sharing of care and interprofessional communication. The collective analysis questioned health professionals education, revisiting the perspective of comprehensive care guided by the users’ needs.
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