A pesquisa social interpretativa alemã desenvolve e aplica métodos qualitativos de pesquisa mais intensamente desde a década de 1970. O principal objetivo do artigo é apresentar e discutir os métodos de entrevista narrativa biográfica e de reconstrução biográfica de caso sistematizados pela socióloga alemã Gabriele Rosenthal em seu livro Pesquisa Social Interpretativa (2014). Estes métodos aplicam os princípios de uma pesquisa social interpretativa, os quais têm suscitado interesse em pesquisadores brasileiros nos últimos anos. Na primeira parte do artigo, apresentamos os pressupostos teóricos e metodológicos de uma pesquisa social interpretativa. Posteriormente, explicamos e discutimos as etapas de uma reconstrução biográfica de caso com base em dados gerados em uma entrevista narrativa biográfica. Por fim, apresentamos um estudo brasileiro e outro alemão para demonstrar como estes métodos permitem reconstruir a gênese dos fenômenos sociais e explicar sua manifestação no presente, avançando em relação a métodos que se restringem a uma análise sincrônica e descritiva dos fenômenos. Isto contribui para o desenvolvimento de uma sociologia histórica do conhecimento e para o estabelecimento de uma tipologia sociogenética dos fenômenos sociais.
O presente artigo apresenta uma contribuição ao debate sobre as migrações transnacionais, a partir da abordagem biográfica. Baseado na sociologia do conhecimento (Peter Berger e Thomas Luckmann, 1991) e na abordagem biográfica de matriz alemã (Fritz Schütze, 1983 e Gabriele Rosenthal, 2014), são apresentadas duas reconstruções
THE BIOGRAPHICAL APPROACH TO TRANSNATIONAL MIGRATIONS: THE HAITIAN AND THE SENEGALESE CASES IN BRAZILThis article uses the biographical approach to contribute to the debate on transnational migrations. Based on the Sociology of knowledge (Peter Berger and Thomas Luckmann, 1991) and the German biographical approach (Fritz Schütze, 1983, andGabriele Rosenthal, 2014), the article presents two biographical case reconstructions: the first one reconstructs the life of a migrant from Haiti that lived in Ecuador, Peru, Brazil, the United States, and Canada with his family; the second one reconstructs the life of a migrant from Senegal, who left Senegal with the idea of moving to Brazil.
I use the term "qabila" (translated into English as "tribe") because it is the emic term the interviewees used in our interactions. Very rarely the term was used to refer to "the external imposition of group identities associated with colonial policy" (Hassan/Ray 2009: 18). Often it was used as a self-description of ethnicized belonging.2 Mahadi Ahmed assisted me during fieldwork and put me in contact with several people from Sudan. He also spent some time discussing the interviews with me. I am most grateful for his competent assistance.
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